Itoculo
Num destes domingos do início do ano em curso fui celebrar na comunidade de Quatro Caminhos, Mãe de Deus. Uma comunidade antiga com uma história rica de compromisso cristão. A própria capela, qualitativamente melhor em relação às demais, é um sinal claro desse passado sofredor e resistente.
Era uma dessas visitas surpresa que por vezes fazemos com o fim de encontrarmos a comunidade cristã no seu estado normal e habitual. Pois, quando há marcação prévia de celebração eucarística, tudo fica mais bonito e participativo, pelo menos, para o Padre ver. Por vezes corresponde à verdade, outras vezes não. Embora não seja do agrado dos visitados, para nós serve de termómetro para medir o nível real da comunidade.
Nesse dia saímos bem cedo para evitar chegarmos a meio da celebração dominical que cada Animador, também conhecido por Ancião, tem a missão de orientar. Das setenta e sete comunidades cristãs presentes na Paróquia, sendo apenas dois padres, fica impossível chegar a todas elas no quadro de um período normal de tempo. Algumas delas apenas conseguem ter uma visita anual. Por isso mesmo, são os leigos, devidamente escolhidos e preparados, que orientam este serviço celebrativo da comunidade.
Então, quando chegamos à comunidade Mãe de Deus, fomos dos primeiros. Havia pouca gente para a celebração que habitualmente parece iniciar mais tarde em relação à nossa hora de chegada. Não rejeito a ideia de que com o sentir do carro outros se apressaram em aparecer. Porém, quando começamos a celebração já havia um bom grupo de cristãos.
Como geralmente acontece, iniciamos a celebração com a saudação habitual sobre as novidades de quem acolhe e de quem visita. Após a oração da manhã, à sombra de uma acácia, houve um tempo para celebração da reconciliação e posterior celebração eucarística. No fim da manhã ainda houve tempo para um breve encontro com os jovens e com os «papás» (homens) do conselho da comunidade. Por um lado, ouvimos as suas alegrias e inquietações, e por outro, aproveitamos para dar alguma orientação para a vida da comunidade.
Foi durante esta partilha que nos falaram com muito carinho do «nosso velho Estêvão». Um papá com alguma idade (fará 80 anos em Outubro) que no tempo do regime marxista-leninista moçambicano soube defender sabiamente esta comunidade cristã e seus bens. Foram tempos difíceis, com declarada perseguição religiosa, mas onde a fé foi mais forte, e prevaleceu.
Quando ouvi um pouco desta história fiquei interessado e com a obrigação de visitar e conhecer este «nosso velho Estêvão». Assim, depois do almoço com a tradicional Chima (farinha de milho cozida) acompanhada do seu caril (desta vez era sardinha enlatada), seguimos a nossa visita domiciliária. Passamos numa família onde atendemos uma mamã que tinha os pés inchados. Por sorte estava com Irmã Augusta que é Enfermeira no hospital de Itoculo. De imediato diagnosticou o problema, mas como não tinha medicamento, combinou com o marido da mamã para nos acompanhar até casa a fim de conseguir medicamento.
A meio da tarde chegamos à casa do «nosso velho Estêvão». Era também uma visita surpresa e inesperada. Através da esposa ele soube que na comunidade houve missa dominical. Mas as suas pernas que não lhe permitem fazer grandes percursos, por isso ficou sentado em casa. Aí mesmo o encontramos. Após a saudação inicial não foi difícil ver e sentir o seu rosto radiante de alegria. Sentamos e falamos um pouco recordando esse passado ainda recente e vivo na sua memória e na de outros que aí presentes completavam os factos. E assim, após algum tempo de conversa, regressamos a casa.
Enfim, a vida missionária por estas terras vai-se compondo com este tipo actividades e encontros simples e familiares. Ou seja, não têm nada de especial, a não ser o testemunho daqueles que com pouco, fizeram muito. Casos como este, e até mais comprometidos, repetem-se um pouco por todo o lado na vida missionária. Mas é com eles que aprendemos e crescemos no testemunho e vivência da nossa fé cristã. Recordando-os, permanece o desejo de que nunca nos faltem esses cristãos corajosos e comprometidos capazes de marcar a vida e a história de cada família e comunidade.
Era uma dessas visitas surpresa que por vezes fazemos com o fim de encontrarmos a comunidade cristã no seu estado normal e habitual. Pois, quando há marcação prévia de celebração eucarística, tudo fica mais bonito e participativo, pelo menos, para o Padre ver. Por vezes corresponde à verdade, outras vezes não. Embora não seja do agrado dos visitados, para nós serve de termómetro para medir o nível real da comunidade.
Nesse dia saímos bem cedo para evitar chegarmos a meio da celebração dominical que cada Animador, também conhecido por Ancião, tem a missão de orientar. Das setenta e sete comunidades cristãs presentes na Paróquia, sendo apenas dois padres, fica impossível chegar a todas elas no quadro de um período normal de tempo. Algumas delas apenas conseguem ter uma visita anual. Por isso mesmo, são os leigos, devidamente escolhidos e preparados, que orientam este serviço celebrativo da comunidade.
Então, quando chegamos à comunidade Mãe de Deus, fomos dos primeiros. Havia pouca gente para a celebração que habitualmente parece iniciar mais tarde em relação à nossa hora de chegada. Não rejeito a ideia de que com o sentir do carro outros se apressaram em aparecer. Porém, quando começamos a celebração já havia um bom grupo de cristãos.
Como geralmente acontece, iniciamos a celebração com a saudação habitual sobre as novidades de quem acolhe e de quem visita. Após a oração da manhã, à sombra de uma acácia, houve um tempo para celebração da reconciliação e posterior celebração eucarística. No fim da manhã ainda houve tempo para um breve encontro com os jovens e com os «papás» (homens) do conselho da comunidade. Por um lado, ouvimos as suas alegrias e inquietações, e por outro, aproveitamos para dar alguma orientação para a vida da comunidade.
Foi durante esta partilha que nos falaram com muito carinho do «nosso velho Estêvão». Um papá com alguma idade (fará 80 anos em Outubro) que no tempo do regime marxista-leninista moçambicano soube defender sabiamente esta comunidade cristã e seus bens. Foram tempos difíceis, com declarada perseguição religiosa, mas onde a fé foi mais forte, e prevaleceu.
Quando ouvi um pouco desta história fiquei interessado e com a obrigação de visitar e conhecer este «nosso velho Estêvão». Assim, depois do almoço com a tradicional Chima (farinha de milho cozida) acompanhada do seu caril (desta vez era sardinha enlatada), seguimos a nossa visita domiciliária. Passamos numa família onde atendemos uma mamã que tinha os pés inchados. Por sorte estava com Irmã Augusta que é Enfermeira no hospital de Itoculo. De imediato diagnosticou o problema, mas como não tinha medicamento, combinou com o marido da mamã para nos acompanhar até casa a fim de conseguir medicamento.
A meio da tarde chegamos à casa do «nosso velho Estêvão». Era também uma visita surpresa e inesperada. Através da esposa ele soube que na comunidade houve missa dominical. Mas as suas pernas que não lhe permitem fazer grandes percursos, por isso ficou sentado em casa. Aí mesmo o encontramos. Após a saudação inicial não foi difícil ver e sentir o seu rosto radiante de alegria. Sentamos e falamos um pouco recordando esse passado ainda recente e vivo na sua memória e na de outros que aí presentes completavam os factos. E assim, após algum tempo de conversa, regressamos a casa.
Enfim, a vida missionária por estas terras vai-se compondo com este tipo actividades e encontros simples e familiares. Ou seja, não têm nada de especial, a não ser o testemunho daqueles que com pouco, fizeram muito. Casos como este, e até mais comprometidos, repetem-se um pouco por todo o lado na vida missionária. Mas é com eles que aprendemos e crescemos no testemunho e vivência da nossa fé cristã. Recordando-os, permanece o desejo de que nunca nos faltem esses cristãos corajosos e comprometidos capazes de marcar a vida e a história de cada família e comunidade.