A vida é uma escola, onde a morte
se apresenta como a graduação. Esta parece ser uma realidade aceite e vivida
por todos (principalmente os que já se graduaram). Ora, desde que cheguei a
Itoculo, tenho feito esta mesma experiência de um modo intenso, alegre e
desafiante. Um dos campos com que tenho contactado muito de perto tem sido o da
educação, onde deparamos com alguns desafios e que tentamos dar respostas na
nossa missão do dia-a-dia. Quero partilhar, neste pequeno texto, algum do nosso
trabalho que acreditamos ser uma pequena contribuição para a construção de um
Moçambique melhor e para a edificação de uma Igreja moçambicana que responde aos
desafios actuais.
Desde 2009 que a nossa missão de
Itoculo conta com um lar feminino que permite, permitiu e, esperamos,
continuará a permitir que muitas jovens possam estudar pelo menos até à 10ª
classe. Volvido poucos anos, tornou-se evidente a necessidade de alargar essa
mesma oportunidade a rapazes que enfrentam os mesmos problemas. Este sonho
nosso amadureceu e tornou-se realidade. Estamos a iniciar com o lar masculino
que acolhe, este ano, 21 jovens estudantes entre a 8ª e a 10ª classe. Esperamos
um número bastante superior a isso no próximo ano.
Esta situação constitui um
desafio para mim que, juntamente com o Alexandre, procuro acompanhar estes
jovens. Por um lado, apostamos em criar condições para debelar os deficits que
possam existir ao nível académico, mas não se esgota aqui a nossa
responsabilidade. Reconhecemos que para uma educação de qualidade, precisamos
passar da simples instrução (conhecimento académico) para uma formação
integral. Este é o nosso grande desafio pois exige-nos uma maior formação da
nossa parte ao nível cognitivo, pedagógico, cultural, psicológico e social. Daí
que cada dia tem sido para mim uma aprendizagem constante, ao mesmo tempo que
vamos procurando incutir nestes nossos jovens os valores humanos, sociais,
morais e religiosas (sem proselitismo), que acreditamos ser importantes para a
construção de uma sociedade que seja cada dia melhor. A sociedade espera muito
de nós e, por isso, todos esperam que os que estão nos lares da nossa missão
estejam acima da média dos jovens que estudam aqui mas que estão por conta própria. Somos chamados a ser fermentos na sociedade. Grande responsabilidade a nossa!
Acreditamos que para isso uma
educação de qualidade é indispensável. Por isso, sinto a necessidade de me
manter sempre aberto para aprender com estes jovens que enriquecem em muito o
meu conhecimento e a minha formação humana, cultural, moral, religiosa e
académica (e aqui não se pode apoiar na máxima de que «burro velho não aprende
caminho»). Esta realidade nos faz sentir vivos, pois constantemente em caminho
e visto que os desafios existem para serem superadas, cada dia é, assim, feito
de pequenas vitórias (ainda que algumas vezes acompanhada de algumas frustrações).
… Assim podemos dizer estamos a fazer
caminho!!!
Anima-me saber que procurar
respostas para os desafios vale mais do que procurar os limites, pois só quem tem
vontade de progredir e de participar no progresso, tem legitimidade para procurar
as lacunas e falhas. Que Deus abençoe o pouco trabalho que vamos fazendo.
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