25 de agosto de 2010

roubaram-nos as galinhas

Raul Viana

Itoculo

Não eram muitas, mas uma a uma lá foram desaparecendo, até que nos antecipamos às duas últimas que as comemos. Tudo estava preparado e era o começo de uma produção caseira para consumo próprio. Mas o amigo do alheio saltou a cerca e estragou o a produção. Assim, tivemos que reforçar a vigilância e intensificar a vedação, pois como diz o ditado, «casa assaltada, trancas à porta».

Não interessa falar aqui do roubo de umas quantas galinhas, porque para falar deste assunto com rigor e realidade exigia que se começasse por outros lados com outras quantias e regalias. Só por curiosidade, já temos um novo Administrador do nosso Distrito de Monapo, Salvador Talapa.

Enfim, qualquer pessoa que chega nestas terras ao deparar-se com uma casa normal, diferente das palhotas ou barracas de lata, de imediato se fixa nas grades das casas, portas e janelas, nos guardas diurnos e nocturnos que se revezam. Tudo isto se acentua quando se trata de um ambiente citadino.

Muitas histórias se contam e muitos factos comprovam este proceder que visa apoderar-se dos bens alheios. Quem aparenta possuir um pouco mais acima do normal, logo é apontado como potencial alvo a atingir. Antigamente eram os colonos, que até deram origem ao ditado: «ao branco não se rouba, apenas se diminui o que tem». Agora qualquer estrangeiro é assim considerado, como justificativo da sua presença.

O problema do roubo ou a segurança dos bens é uma questão da ordem do dia. Toda a gente sabe que o pobre não tem nada para roubar. E ladrão digno de tal profissão não entra em casa de iguais, nem vai em casa desprovida. Às vezes esta regra também muda.

Na verdade, toda esta realidade parece ser bem característica de qualquer país em vias de desenvolvimento. Por um lado, manifesta que as pessoas ainda andam à procura dos bens de primeira necessidade e essa é a sua satisfação a realizar. Por outro lado, para aqueles que já têm acesso à televisão, um mundo de coisas novas e aliciantes são publicitadas para as quais não têm meios de conseguir senão por vias travessas, a pilhagem.

Aqui neste Itoculo pacífico e sereno, longe da confusão e do anonimato, nunca tivemos problema de maior, a não ser estas galinhas… Mas sem ignorar nem desprezar a realidade que nos envolve, também temos os nossos guardas e as nossas grades. Como tudo isto é tão próximo e comum, também com todos eles já estamos familiarizados.

E assim a Missão continua…

26 - A alegria completa

– Netia-Itoculo/2003-2004 «Um homem não pode tomar nada como próprio, se isso não lhe for dado do Céu. […] Pois esta é a minha alegria! ...