30 de setembro de 2009

Onze meses, um(a) inimigo(a)...


Edmilson
Itoculo


Onze meses passaram, desde que cheguei em Moçambique e em Itoculo. Como todos podem imaginar, estes meses têm sido tempos muito bons e de muitas alegrias. Fiz muitas novas amizades, e sempre me senti em casa, tão amável foi a recepção que me fizeram.
Contudo, nem tudo são rosas (frase um tanto poética, mas cheia de verdade e de sentido), porque também há os espinhos. O meu espinho tem sido uma inimiga que encontrei aqui: - nanikhitco (malária). Uma inimiga muito poderosa, pois tem um grande e poderoso exército: - Ipwilimwithi (mosquitos). Nos primeiros meses a nossa convivência foi saudável e favorável, mas passados dez meses começou a hostilidade, e eu, até agora, não sei a troco de quê... nestes dois últimos meses travámos já duas fortes batalhas, e até agora ela tem levado a melhor.
O primeiro combate teve início no dia 16 de Agosto, e como consequência fiquei de cama, durante uma semana, perdi alguns quilitos, mas um homem forte não desiste à primeira, então comecei uma grande investida, com vista a uma rápida recuperação, e até parecia que estava a correr maravilhosamente, tinha já recuperado uma parte dos quilos que tinha perdido... e um mês depois (a 19 de Setembro) «bum», o segundo embate.
Neste segundo embate as consequências não foram tão devastadoras como na primeira, mas também fez os seus estragos: - Quatro dias na cama, e (o pior de tudo) novamente o peso entrou em défice, pois perdi os quilos que tinha recuperado já, e outros tantos.Mas tenho que afirmar que o poderio mostrado pela minha adversária em nada me assusta, pois não só já estou de pé (e firme), como também já reforcei o sistema de defesa e de proteção contra os soldados da malária... esta luta, embora um pouco amarga, tem sido interessante, pois agora já posso falar da malária com conhecimento de causa, porque já sei o que ela é... afinal ela me tem acompanhado nestes últimos tempos e isso permite um conhecimento mais próximo, mas confesso que ela é mais simpática e mais bela vista ao longe (pois é menos amarga, não dá vómitos, dor de cabeça ou febre...)

1 de setembro de 2009

1+1=PLURAL
"Sendo muitos, formamos um só corpo…"


Raul Viana
Itoculo
Com o tema «Chamados a ser apóstolos de Cristo Jesus por vontade de Deus» participei no Retiro organizado pela Diocese para as Equipas Missionárias. Depois de um tempo de inserção e trabalho pastoral na Paróquia de S. José de Itoculo onde estou descobrindo e conhecendo pouco a pouco a realidade local, chegou a vez de fazer uma paragem e leitura missionária ao completar 7 meses da minha presença em Moçambique. O resultado final revela um saldo bastante positivo.

Porém o que quero partilhar aqui é a experiência do Retiro vivido na última semana de Agosto. Além de ser o meu primeiro Retiro nestas terras banhadas pelo Índico, ele teve uma particularidade muito própria de qualquer outra realidade missionária «ad gentes»: pluralidade de pessoal missionário.

Com D. Ernesto, Bispo de Pemba a orientar o Retiro, os participantes foram estes:
- D. Germano, Bispo de Nacala;
- P. Bartolomeu (Diocesano - Nacala)
- P. Adérito (Diocesano - Nacala)
- P. Marcelo (Verbita - Indonésia)
- P. Pablo (Comboniano - México)
- P. Gino (Comboniano - Itália)
- P. Amine (Vicentino - Eritreia)
- Irª Augusta (Espiritana - Portugal)
- Irª Telma (Agostiniana - Honduras)
- Irª Carla (Comboniana - Costa Rica)
- Irª Catarina (Pilarina - Quénia)
- Irª Maria (Agostiniana - Peru)
- Irª Gladis (Bom Pastor - Argentina)
- Irª Berenice (Pilarina - Colômbia)
- Irª Júlia (Agostiniana - Moçambique)
E, eu mesmo, oriundo desse cantinho europeu à beira mar plantado…

Já deu para ver que o grupo não era grande, mas a diversidade cultural e religiosa foi coisa que não faltou. Da mesma forma, vendo a média etária dos participantes, eu mesmo fui lançado lá mais para a frente, coisa que não estava habituado quando participava nos Retiros e outros encontros antes de cá chegar.

Ou seja, além do encontro cultural com este povo macua, há outros tantos encontros pluriculturais que nos fazem descobrir a grandeza e diversidade desta Igreja Missionária. De facto, nesta variedade de semblantes e fisionomias, hábitos e costumes, gestos e expressões, ideias e sentimentos… todos nos unimos num mesmo centro: Jesus Cristo.

Num mundo globalizado esta realidade pluricultural deixa de ser única dos missionários e se multiplica um pouco por toda a parte. Porém, quando tudo isto acontece com base no Evangelho e com motivações religiosas, espirituais e missionárias, parece ser diferente de tudo o demais. Quem vive assim, o pode testemunhar.

Por aqui termino mais uma breve partilha missionária do muito que se vai vivendo onde as palavras são poucas para descrever e também escasseia o engenho de as juntar.

26 - A alegria completa

– Netia-Itoculo/2003-2004 «Um homem não pode tomar nada como próprio, se isso não lhe for dado do Céu. […] Pois esta é a minha alegria! ...