20 de dezembro de 2019

ITOCULO AGRADECE


Com as festas de Natal encerra-se o ano em curso e abre-se portas ao novo ano 2020. É tempo de avaliar e programar, tempo de agradecer e de fazer novos propósitos, tempo de fechar contas e abrir novas possibilidades.


Como uma viagem aberta ao futuro, nunca falta olhar para a retaguarda, como num espelho retrovisor. Esta maneira de viajar nos permite avançar com mais confiança, saber o caminho percorrido, valorizar os sucessos alcançados e evitar erros cometidos. Mas o caminho é sempre para a frente.

Fomos brindados com muitos dons e gestos generosos. Com isso muitas maravilhas se realizaram em Itoculo. Contrariando as forças hostis da natureza, com ventos e chuvas intensas, conseguimos levantar e cobrir várias habitações familiares e comunitárias. Algumas famílias foram ajudadas pontualmente. Também conseguimos ampliar os espaços da biblioteca paroquial para novas valências e construir um depósito de água para o lar de estudantes. Igualmente a criação de frangos e galinhas poedeira deu o seu pontapé de saída. Tudo isto não passa de uma gota de água no oceano, mas que aqui faz muita diferença.


Iniciamos o ano 2019 acolhendo duas jovens voluntárias (Cristina e Gabi) para um exercício missionário de longa duração. A meio do ano chegou o grupo Nakumi, com o P. Cláudio e onze paroquianos de Vitorino dos Piães-Portugal, que possibilitou uma troca de experiência missionária e o abrir de portas a novos projetos solidários. Em agosto veio o P. Mário para um ano de pastoral missionária, e quase que chegava acompanhado das irmãs espiritanas da nova comunidade missionária de Ocua.


Internamente recebemos a visita do P. John Dimba, Assistente Geral da Congregação do Espírito Santo, os colegas espiritanos de Nampula, Beira e Inyazónia-Chimoio. E por fim o Superior Geral, P. John Fogarty, que encerrou, em alta, as visitas fraternas e amigas, sempre bem-vindas a Itoculo.

Muitas outras pessoas nos marcaram este ano, mesmo não se fazendo presentes pessoalmente, mas contribuindo para que dia-a-dia pudéssemos levar a cabo o projeto missionário de Itoculo. Na verdade, foram muitas e generosas, essas pessoas irmãs, amigas e simpatizantes de Itoculo, que aqui quero recordar e agradecer. Ao mesmo tempo garantir a nossa comunhão e oração missionárias. Que Deus abençoe a todos e sempre cumule das suas graças divinas.

Para o futuro outros vão chegar e partir. Nós vamos acolher, integrar e potenciar. Já temos uma orientação do caminho a percorrer que tocará a vida das comunidades cristãs e trabalho na área da educação. Igualmente um novo ritmo pastoral queremos implementar com a criação da nova região paroquial em Monetaca. Entre outras iniciativas, estas serão as prioridades pastorais para as quais também temos grandes expectativas.


Termino desejando um Santo e Feliz Natal e próspero ano 2020, a todos aqueles que, de uma maneira ou outra, estiveram unidos a Itoculo. Um abraço missionário.

23 de outubro de 2019

Outubro Missionário: do encontro ao encontro


Neste Mês Missionário Extraordinário, partilhamos as palavras de um dos muitos missionários que passaram pela missão de Itoculo e que, mesmo longe, continua connosco e com o povo desta terra. Obrigado pela tua partilha e comunhão! Estamos juntos!


Outubro Missionário: do encontro ao encontro



É do encontro ao encontro que nasceu a Igreja Missionária, a Igreja de Cristo. Um encontro pessoal que desemboca num encontro comunitário. O primeiro encontro é o de acender: preparar a tocha e acendê-la dentro de nós mesmos; o segundo é o de partilhar as chamas aos demais que precisam de luz para ver o caminho.

Quando vamos ao encontro ou alguém vem ao nosso encontro, já não vamos sozinhos, alguém vai connosco e doravante fazemos um caminho partilhado. A isto chamo de missão. Convém salientar que não é aquilo que levamos na mão para oferecer que é o mais importante. Missão é montar a tenda no meio de tantas outras tendas, palhotas, casas de chapas e ser testemunho do grande Mestre, que nos diz: "Ide por todo o mundo anunciar a Boa Nova", ou seja, levar a luz, que é a Palavra de Deus, aos que andam nas trevas, e simultaneamente ser luz no meio deles. Mas esta ótica missionária está cada vez mais difícil de alcançar por causa dos limites que estabelecemos. Houve um tempo em que fomos chamados a sair da nossa zona de conforto para nos dispormos ao serviço da Igreja, mas pouco resultado se notou. Penso que não é preciso sair da zona de conforto para estar ao serviço da Igreja, é apenas preciso mudar da nossa zona de conforto para uma zona de conforto infalível, em que haja um contacto real com diferentes realidades, no meio dos pobres e desanimados, a quem vamos confortar e beneficiar do mesmo conforto, tendo assim a coragem de chamar todos, não para a última, mas para a primeira ceia! 

  

Uma missão é marcante, mas o que é que nos marca? Claro, a pobreza de um povo, de uma família, dos bens, das estruturas, das políticas, das organizações, do espírito. E como já parece ser tradição, no fim de cada experiência missionária, possuídos  pelas emoções e sentimentos de compaixão, criam-se campanhas para tudo e mais alguma coisa, mas, no que toca a pobreza espiritual, nada se faz. É preciso um "STOP" (“Somos Todos Obrigados a Pensar”) neste cruzamento traiçoeiro; há que parar de considerar uma pessoa pobre só porque esta não tem uma sanita em casa. Sendo a pobreza uma dificuldade, antes de mais, que não chega a ser um mal, há que resolvê-lo; ora isso obriga-nos a ir à raiz e os curiosos que lá chegam verão que, de facto, a pobreza espiritual é a mãe e origem de todas as outras situações negativas que caracterizamos ou denominamos como pobreza disto ou daquilo. 

              

É preciso também cultivar na missão que nos é confiada o bom espírito, um espírito de luta e conquista, paz e justiça, perante os desafios do dia-a-dia. Mas tudo isso não descarta a hipótese de dar os primeiros passos. A primeira missão fazemo-la no seio familiar, na nossa comunidade. Muitos entendem a missão apenas como saída para uma terra estrangeira, ir à outra margem, em prol do anúncio da Palavra de Deus, porém, antes dessa saída além-fronteiras, é preciso sairmos de nós mesmos. Caso contrário, sem essa saída de nós mesmos, sem uma atitude de conversão, a nossa missão não passa de uma prestação de serviço, ao passo que a missão é estar sempre ao serviço, seja dentro ou fora da nossa própria casa.

                       
                            
A missão é este “encontrar-se”, é este encontro verdadeiro com Deus e com os outros, e assim, do encontro ao encontro, vamos construindo a Igreja Missionária, a Igreja de Cristo!

Pro-Missão VI

18 de outubro de 2019

Eleições 2019


Abaixo segue-se uma carta de desagrado de um grupo de sete Observadores da Paróquia de Itoculo-Nacala pela forma como foram tratados nestas Eleições Gerais de 15 de Outubro de 2019.


MANIFESTO DE INDIGNAÇÃO

Nós, abaixo assinados, cidadãos moçambicanos do Posto Administrativo de Itoculo, Distrito de Monapo, estamos indignados e repudiamos a forma como fomos tratados enquanto candidatos a Observadores das Eleições Gerais do dia 15 de Outubro último. Fomos mobilizados pela Comissão Diocesana da Justiça e Paz de Nacala e remetidos à EISA-Solidariedade de Moçambique (Organização da Sociedade Civil com a missão de Observação Eleitoral) que junto da CNE solicitou os documentos necessários para nos creditar no serviço de Observadores Eleitorais.

Assim, uma vez aberta a campanha para a inscrição como Observadores das Eleições Gerais, cada um de nós preparou e apresentou todos os documentos e requisitos necessários para participar activa e responsavelmente neste acto cívico. Todas as despesas de documentação e viagens foram suportadas por nós mesmos, sendo que alguns de nós se distanciam a mais de 60km da sede distrital de Monapo, usando, para isso, meios de transporte muito dispendiosos.

Com o aproximar das Eleições sentimos que a pressão aumentava. Sexta-feira dia 11 de Outubro, 4 dias antes das Eleições, fomos convocados para uma formação onde nos foi atribuído um dossier/arquivo com as informações necessárias ao nosso trabalho de Observadores da Sociedade Civil. Aí permanecemos todo o dia e só à noite regressamos a casa. No dia seguinte, 12 de Outubro, ao final do dia recebemos nova informação para voltar à sede distrital para apanhar o restante material. Logo cedo, no domingo, nos encaminhamos para lá, e nos foi atribuído apenas o colete de Observador, dizendo para aguardar novas informações. Como somos do Posto Administrativo de Itoculo, alguns de nós sem qualquer familiar na vila distrital, tivemos de regressar à comunidade mais próxima de Itoculo e pedir socorro para ser alojado, isto depois de caminhar mais de 15km em pleno dia de sol intenso, por falta de meios económicos.

No dia 14 de manhã, de novo voltamos à sede do Distrito para receber novas informações e depois seguir para os locais de votação atribuídos. Porém, ficamos todo o dia à espera dos resultados, contactando com os responsáveis, sem nunca nos dar uma resposta exacta. Foi um dia inteiro à sombra de uma mangueira, sentados numa esteira, sem meios pessoais para aguentar a jornada, ficando à mercê da caridade de alguns amigos para comer e beber. Terminou o dia sem nenhuma informação, apenas nos diziam para esperar. O cansaço e o desgaste físico e psicológico eram muito notórios em todos nós.

No dia seguinte, 15 de Outubro, dia das Eleições, continuamos retidos por falta de informação para a entrega dos Crachás. Entretanto, pelas 10h nos atribuíram as Mesas de Voto onde poderíamos ser Observadores, e nos entregaram mil meticais em dinheiro e uma recarga de 200 meticais para comunicar. Um pouco mais tarde, insistiram connosco para seguirmos para os locais atribuídos sem os respectivos Crachás. Todos recusamos por haver documentação incompleta, mas acabamos cedendo sem saber que isso significava correr grande risco de vida podendo ser detidos por comportamento estranho numa área por nós desconhecida. Assim, pelas 13h saímos para os locais onde não fizemos nada do que nos competia como Observadores e fomos impedidos de votar.

Na verdade, aqui a nossa acção como Observadores resumiu-se a uma simples tarefa de comunicadores de factos externos, recolhidos sem qualquer controle, apenas apanhando as publicações de resultados para apresentar no dia seguinte, quarta-feira dia 16, aos nossos responsáveis da EISA que nos enviaram. Neste mesmo dia levamos essa informação e entregamos aos responsáveis que nos deviam devolver um valor de 3 mil meticais pelo trabalho efectuado, mas também não entregaram, fazendo apenas promessa para o dia seguinte. De novo, mais uma viagem de ida e volta, e no dia 17 ao final da manhã foram-nos entregues 3 mil meticais.

Assim, a nossa indignação vai para este procedimento dos responsáveis provinciais da CNE de Nampula por negar atribuir os Crachás e reter toda a informação até às 13h do dia da votação provocando um desgaste físico e psicológico de todos nós, deixando-nos condições sub-humanas, apenas aumentando o nosso sofrimento. Mas pior do que isto, estamos ainda mais indignados pela insistência desses responsáveis da EISA em nos enviar aos centros de eleição sem os devidos Crachás, o que levou a correr grandes e reais perigos de vida, movendo-nos às escondidas e com medo.

Estamos muito indignados porque não podemos exercer o nosso direito/dever de voto. Estamos indignados também porque fomos maltratados como pessoas nacionais pelas Autoridades Moçambicanas que nos deviam proteger. Estamos indignados porque sem qualquer intenção partidária, mas apenas querendo o bem do nosso País e as eleições justas, livres e transparentes, fomos renegados e considerados inúteis ao bem da nação. Estamos indignados porque gastamos inutilmente as nossas escassas economias aumentando a nossa pobreza. Estamos indignados porque fomos desrespeitados nos nossos direitos.

Estamos indignados com tudo isto e muito mais, mas não desistimos dos ideais que nos levam a trabalhar por um Moçambique diferente. Não vamos desistir nem abdicar daquilo que precisamos para o nosso País. Os nossos filhos merecem um País muito melhor e com Autoridades que respeitem aqueles que os elegeram. Acreditamos que amanhã será diferente. Por isso não vamos desistir, mas procurar juntar mais forças nacionais e internacionais para combater estes males da nossa sociedade e da nossa política desonesta.

Moçambique e os moçambicanos não merecem isto. Nós fomos grandes vítimas este ano. Como nós, também muitos outros irmãos nossos sofreram idêntica humilhação. Não podemos calar a nossa dor. Queremos a paz, queremos um Moçambique melhor.

Itoculo, aos 18 de Outubro de 2019.

Os cidadãos eleitores:
- Aminone Gabriel: nº 033169-29041914399 (033169-01/263)
- Atílio Francisco: nº 03169-050441807317 (03169-02/081)
- João Baptista Caetano: nº 03184-03051809539 (03184-02/701)
- Lucas Elias Paulo: nº 03181-22031808239 (03181-01/099)
- Minério Martelo: nº 03174-05041811449 (03174-02/249)
- Nito Manuel: nº 03169-05041811009 (03169-02/249)
- Silvano Ramete: nº 03178-08041807352 (03178-02/367)

10 de outubro de 2019

MISSÃO DE ITOCULO - 2019


Em pleno Mês Missionário Extraordinário – Outubro 2019 – queremos partilhar, uma vez mais, a vida e o ritmo da nossa Missão de Itoculo, que muitas pessoas e grupos missionários conhecem e têm ajudado generosamente.


A Missão Católica de São José – Itoculo, situada na Diocese de Nacala, no litoral norte de Moçambique, conta com uma Equipa Missionária composta de Padres (2 espiritanos e 1 diocesano do Porto), de Irmãs Consagradas (total de 4 espiritanas) e Leigas Voluntárias (uma de Braga e outra de Fiães-Porto), que assiste as 83 pequenas comunidades cristãs espalhadas pela área do Posto Administrativo de Itoculo.

Começamos este ano 2019 acolhendo as duas Leigas Missionárias Voluntárias, e em Agosto chegou o P. Mário João, da Diocese do Porto, também para um ano de experiência missionária nestas terras de Moçambique. No passado mês de Julho, durante três semanas, acolhemos um outo padre diocesano com um grupo de 11 leigos da Unidade Paroquial de Navió-Poiares-Vitorino dos Piães, da Diocese de Viana do Castelo. Foram, e estão sendo, momentos muito bonitos e enriquecedores para todos nós e para a Missão de Itoculo em geral.

O trabalho pastoral propriamente dito nas comunidades cristãs, que marca o nosso dia-a-dia, centra-se na formação de animadores e lideranças cristãs e no acompanhamento de ministérios eclesiais (Catequistas, Jovens, Famílias, Infância Missionaria e outros) e de ministérios sociais (Justiça e Paz, Cáritas, Saúde, Comunicação Social, Economia, etc). A par disso, as celebrações e visitas às comunidades são outro momento forte de evangelização que assumimos e que urge dar continuidade por forma a solidificar a fé destas jovens comunidades cristãs.

A comunidade de São Paulo, em Monetaca, ainda não completou 60 anos de fundação e é a comunidade mais antiga da nossa missão. Aqui mesmo realizamos este ano, pela terceira vez, a nossa peregrinação paroquial com grande participação das comunidades. Algumas celebrações jubilares de 50 anos de matrimónio vão aparecendo como sinal da caminhada desta Igreja local. Somos parte de uma Igreja em caminhada com muitos pontos a considerar e fortalecer para a sua estruturação.

Neste momento estamos numa fase de reajuste das áreas regionais da Missão de Itoculo, criando um novo centro de formação regional para atender aos irmãos mais distantes de um centro mais vasto (Djipwi). Assim, em 2020 prevemos iniciar com o centro regional de Monetaca composto de 3 zonas pastorais e 15 comunidades cristãs. Ainda não temos estruturas materiais para este centro formativo, pois queremos iniciar com a animação e solidificação das comunidades cristãs locais. Posteriormente, quando conseguirmos um bom nível de maturidade cristã, poderemos então pensar e avançar na construção de algumas estruturas físicas.

Na sede da Missão, em Itoculo, continuamos com o Centro Nutricional para apoio às crianças desnutridas e a formação pré-escolar que as Irmãs Espiritanas coordenam, e se apresentam como obras verdadeiramente necessárias devido à grande pobreza que se verifica nesta área. Não fomos afetados diretamente pelos ciclones (Idai e Keneth), mas começamos já a sentir os seus efeitos secundários, pois eles destruíram muitas colheitas e os celeiros familiares ficaram por encher, e assim começam a surgir os primeiros sinais fraqueza. Mas o tempo mais crítico da fome irá chegar nos meses de Dezembro e Janeiro. Que Deus nos seja benevolente.

Na área da educação temos em funcionamento duas residências de estudantes (de 50 meninas e 45 rapazes) oriundos das zonas mais interiores da Missão e que são uma verdadeira ajuda aos jovens em dificuldades. Além disso, trabalhamos também para que estes lares de estudantes sejam uma escola de vida onde se aprendem e exercitam os valores humanos e cristãos da boa convivência. A par disso, está o apoio e reforço escolar que a Biblioteca da Missão oferece aos estudantes em geral. E pela grande afluência dos estudantes a estes espaços de leitura e estudo, tivemos a necessidade de ampliar as salas, criando também um espaço para acesso ao material escolar que o ensino exige.


Enfim, para levar a cabo as tarefas evangelizadoras e sociais, que englobam projetos de verdadeiro desenvolvimento humano, trabalhamos em Equipa Missionária. Somos um bom grupo (3 padres, 4 irmãs e 2 leigas), onde ninguém está desempregado, mas todos nos sentimos envolvidos, cada dia, na vida do povo e desta Missão. Importa dizer, também, que neste exercício missionário contamos essencialmente com as ajudas solidárias que nos chegam do exterior. A contribuição local é muito reduzida, apesar de indispensável, em vista de uma colaboração e participação. Neste sentido, queremos manifestar o nosso sincero agradecimento por todo o apoio material concedido, e dizer que tudo fazemos para que ele se multiplique ainda mais. Ao mesmo tempo, confirmamos a nossa comunhão espiritual, confiando a Deus todos os benfeitores desta Missão.

Em nome da Missão de São José – Itoculo, agradecemos, uma vez mais, toda a ajuda monetária que nos ajuda a prosseguir nos trabalhos missionários. Deus seja louvado nos seus servos generosos, e que a celebração deste Mês Missionário Extraordinário nos mantenha unidos neste compromisso de fé cristã.

10 de setembro de 2019

Grupo NAKUMI em Itoculo


Em jeito de partilha fica aqui o testemunho da Catarina, do Grupo NAKUMI que esteve em Itoculo de 1 a 21 de Julho de 2019, vindos da Paróquia de Santo André de Vitorino dos Piães, Diocese de Viana do Castelo (Portugal).

Salama.
Boa tarde.
Tudo bem?
Era assim que começavam todas as conversas. Mas as pessoas diziam mesmo se estavam bem ou não, se lhes doía um braço, um dente, mesmo que tivessem tido malária há um mês contavam e diziam que já estavam melhores e a partir daí não faltavam temas de conversa.
Foram 3 semanas que pareceram 3 dias e ao mesmo tempo a nível de experiência de vida parece que se passaram anos.
            Fui preparada para encontrar pobreza, sabia que ia encontrar fome, mas é muito mais do que isso. Falta tudo. Falta água. Falta comida. Falta escolas. Falta hospitais. Há jovens que nunca foram à escola como é o caso do Dinis de 18 anos que vive na aldeia da minha família de acolhimento. Perguntei-lhe porquê que não vai à escola, tinha um tradutor ao lado porque quem não vai à escola geralmente só fala macua, e ele disse-me que a escola mais perto ficava a 2 horas de distância. Imaginem 4 horas a pé todos os dias para ir à escola. Como poderia ir quando mal tem o que comer? O que era suposto eu dizer em resposta aquilo? Perguntei muitas vezes ao meu tio, o Pe. Raul, o que se diz nessas alturas e ele só me dizia “vais dizer o quê?”.
            Há crianças que têm de viver com problemas de saúde que seriam logo corrigidos se tivessem nascido aqui, como é o caso do Ricardo de 5 anos que mal consegue andar por ter os pés tortos, aqui poderia ser corrigido tão facilmente.
            Para além destes dois casos conhecemos muitos mais que cada um de nós traz consigo no coração.
            Como o Jacinto, uma criança da escolinha com quem estávamos todos os dias, tem 3 anos e já passou por tanto. Passou por várias casas, por várias famílias. Viu coisas que ninguém deveria ver e mesmo assim é a criança mais meiga e com o sorriso mais bonito que já vi. No caminho para a escolinha pegava sempre em alguma coisa para nos oferecer, a Irmã Adelaide que é quem cuida da escolinha diz que ele quando gosta de alguém traz nem que seja uma pedrinha para lhe dar.
            Falta tudo.
            Mentira. Não falta tudo. Não falta o mais importante. Há alegria como nunca antes tinha visto. Há a bondade de partilhar tudo o que têm. O mais emocionante nesta viagem foi o que me deram, pessoas que não têm quase nada deram-me tudo. Dormiram uma noite fora de casa ao frio para que eu ficasse confortável no quarto deles. Deram-me a comida que tinham mesmo não tendo para eles. E no fim agradeceram-nos pela visita, tão felizes.
            Acreditem, não é preciso muito para ser feliz. Não é mesmo.
            Apesar de não faltar tudo ainda é preciso muito.
            Eu não fazia ideia da importância do trabalho do Pe. Raul lá em Itoculo, é graças a ele e a outros espiritanos que lá estão que muitos jovens conseguem ir à escola porque ficam nos lares, crianças que têm onde brincar e comer por existir a escolinha. Bebés que não morrem à fome porque há o centro de nutrição para lhes dar comida. Eles lá não são só padres e freiras, são tudo, são mesmo tudo para muitas pessoas.


            Mas fazem isto tudo porque têm ajudas de pessoas de cá, padrinhos dos lares que todos os anos dão uma contribuição, padrinhos de crianças que ajudam a pagar os estudos, padrinhos do centro de nutrição que permite matar a fome a estas crianças.
            As coisas lá são muito mais baratas o que faz com que uma pequena ajuda nossa consiga mudar muitas vidas.
            Este ano, a partir de Novembro, irá haver muita fome devido aos ciclones que destruíram as plantações. Muitos irão aparecer no centro de nutrição e acreditem que não há nada que custe mais do que ver uma criança a chorar de fome.
            Antes de ir eu dizia à minha mãe “toda a gente diz que quando voltar serei uma pessoa diferente, que aquilo muda as pessoas” e eu não acreditava muito, como é que apenas 3 semanas poderiam fazer isso? Mas a verdade é que mudou e espero ter conseguido transmitir um pouquinho da missão de Itoculo a todos vocês, que nos ajudaram a ajudar.
Muito obrigada.
Koxukuro.

CATARINA FELGUEIRAS

HISTÓRIA DE VIDA


Já lá vão 25 anos de Profissão Religiosa. Parece que foi ontem… O tempo passa rápido e, mais um pouco, também eu passo pelo tempo. Houve tempo para tudo. Sinto que fiz de tudo e mais alguma coisa. Guardo na memória muitas histórias e situações.


Onde nasci e cresci tenho grata recordação. O ambiente familiar continua saudável e acolhedor. O encontro e a festa nunca faltaram. Tal como nunca faltou o apoio e a compreensão. Liberdade e acção, coragem e amparo, confiança e firmeza sempre estiveram à mesa desse encontro. Agradeço os pais que me geraram e cuidaram, os irmãos que me acolheram, todos os familiares e amigos que me fortaleceram.

A caminhada é pessoal, e «o sonho comanda a vida». Cedo entrei no seminário, e a descoberta foi acontecendo. A idade avançava e os ideais esclareciam-se. A hora aproximava-se e a decisão foi tomada. A opção aconteceu e o sonho tornou-se realidade. Recordo esse dia. Lembro as palavras proferidas. Sinto de novo o mesmo compromisso. Sou missionário, sou consagrado. Louvado seja Deus.

Uma nova família estava constituída, maior, mais alargada. Novos horizontes se abriram à medida que se avançava no tempo e no compromisso. Primeiro foi o estudo, a oração, os pequenos trabalhos locais. Depois veio a partida, o diferente e o desconhecido, a aventura, o arriscar e desenrascar... Coisas que a juventude carrega sem medo.

Aquilo que era temporário fez-se permanente. O serviço foi a primeira ordem recebida. Parecia ensaio mas já era realidade. Não havia tempo a perder. «Faça-se». Fui então ordenado para servir e guiar: «crê o que lês, ensina o que crês e vive o que ensinas». Novo milénio começava, nova etapa acontecia, uma missão, um missionário. Eu mesmo, padre missionário espiritano.

«Vá para fora cá dentro», foi a primeira aposta. O despertar vocacional e animação juvenil marcaram esse tempo. Crianças e adolescentes, jovens e adultos, todos entraram no meu novo mundo feito de encontros e acampamentos, retiros e jornadas, peregrinações e caminhadas. A missão era visitar, acompanhar, orientar ou, simplesmente, estar. O que resultou? Desconheço. Deus o sabe. Apenas um sentimento de dever cumprido, ainda que pudesse ter sido melhor.

Jovem com os jovens. Sonho e aventura. Animação com vida e entrega. Dias preenchidos, noites prolongadas, tempo insuficiente para tanta vida despontada. Coordenação e concentração a norte, sem esquecer outras regiões, em vista da união juvenil sem fronteiras. Pontes e abraços, iniciativas e sucessos, fracassos e decepções, alegrias e esperanças… realidades de um mundo jovem feito de jovens. Terminava assim esta primeira etapa neste «ad intra» lusitano.

Abrir novos horizontes, voar até outras paragens, conhecer novas realidades, uma missão a começar. O povo macua, a cultura e as tradições, a língua e a linguagem, o clima e todo o meio ambiente a descobrir. O desconhecido foi-se apresentando, o inseguro deu lugar à segurança, a novidade ganhou confiança, o encontro acabou com as incertezas, e uma nova vida começou a ser vivida.

A missão tem agora o rosto de crianças sorridentes e simples, jovens animados mas olhando ainda um futuro incerto, homens e mulheres serenos e carregados de histórias. A pobreza, muitas vezes a confundir-se com a miséria, incomoda e desafia. Ficar parado não resolve, é preciso seguir e agir juntos. Sem esperar grandes mudanças, apenas empenhado em pequenas transformações cada dia. Trata-se de dar pequenos passos para fazer grandes caminhadas.

Muitos caminhos percorridos. Muitos deles numa verdadeira aventura. O destino era um encontro, uma celebração, uma sentada. Conversas espontâneas, informações locais, situações à espera de solução, orientação e decisões conjuntas, formação pastoral, tudo em vista de uma vivência humana e cristã comprometida. Depois o regresso, o cansaço, o restabelecer das forças para começar novo dia.

Resumindo, foram dias a capacitar lideranças, abrir novas possibilidades, implementar projectos de desenvolvimento, até dar boleia e ajuda humanitária… ou simplesmente cuidar do ser humano. Mas também restabelecer laços, reconciliar desavenças, pacificar corações, absolver sacramentalmente, construindo a Igreja de Jesus. No meio de tudo isso a palavra do Evangelho e a busca da comunhão divina.

Na verdade, já passaram 25 anos com pessoas e experiências marcantes. Não sei o que virá à frente. Mais fácil não será. Mas como até agora, também estou confiante, não estarei sozinho nem isolado, a missão é sempre plural e comunitária. Essa é a minha missão também. Que Deus me abençoe e me ajude a ser fiel nesta caminhada, para cada dia começar sempre de novo, aberto às surpresas de cada momento.

Um obrigado sincero a todos. E, juntos, façamos um brinde à vida.

14 de maio de 2019

Ciclone soprou forte em Itoculo


A cobertura da igreja de Namalima, centro de zona onde está a paróquia de São José de Itoculo, voou com os ventos do ciclone Kenneth que fez grande destruição no norte de Moçambique, Província de Cabo Delgado. As imagens e reportagens mostram a impotência do homem perante tal fenómeno e confirmam o rasto de destruição causado e a pobreza daqueles que tudo perderam, alguns até a própria vida. A sobrevivência e reconstrução é agora a luta de cada dia que merece uma ajuda concreta e imediata.


Aqui em Itoculo, apenas numa zona muito restrita, houve uma rajada desse ciclone que levou pelos ares a cobertura em chapa de zinco de uma capela e várias casas vizinhas que ficaram destruídas parcial e totalmente. As chuvas intensas que se fizeram sentir após a passagem do ciclone agravaram a situação. Assim, nessa zona, nove famílias ficaram desprotegidas e aguardam apoio para reconstruir as suas casas.


O Sr. Alfredo, ancião da comunidade, nem tem palavras para descrever o estado da igreja: «Como vamos fazer agora, senhor padre?», falava assim. A sua casa também sofreu com as chuvas e só lhe resta fazer uma casa nova. Ao lado um jovem casal Mito Neves e esposa no dia do ciclone viram cair uma parte da sua casa e três dias depois as chuvas intensas derrubaram o outro lado da casa. Vivem aí mesmo e assim mesmo. A mamã Maria Cipriano, viúva, viu cair o tecto da sua casa e não tem como fazer para reconstruir, dorme no alpendre da parte da casa que ainda está de pé. Mais abaixo outra família está na mesma situação. E casos destes repetem-se nas casas das mamãs Amina Cussia, Julieta Teodoro e a Maria Cristina Requege, e dos senhores Elias Amisse, Félix Gabriel, e Jorge Mwareque.


Além das casas, e um pouco por toda a área da paróquia, as culturas sofreram bastante com as chuvas que se fizeram sentir. Sendo que este é o tempo da colheita, o amendoim, milho, feijão e outros cereais ficaram tombados na machamba são comidos pelo mochem. O esforço imediato é recolher o máximo desses produtos para haver o mínimo de garantia alimentar, e só depois pensar em reconstruir, aqueles que ficaram com as casas danificadas. Entretanto, com alguns rolos de plástico se improvisou uma pequena construção que abriga da chuva e do sol, ainda que mais provisória que a construção anterior.
Tomando conhecimento desta realidade, fizemos uma sentada com os responsáveis da comunidade vimos que seria importante e necessário encontrar apoios para a reconstrução destas nove casas e da igreja. Juntos chegamos à conclusão que havendo possibilidades de apoio financeiro este seria para a parte da cobertura, correspondendo a 30 chapas de zinco, 40 barrotes e 7kg de pregos. O restante da construção fica ao encargo de cada família e da comunidade. Mas um tipo de construção que possa resistir às próximas intempéries. Ou seja construção mais resistente, de pau-a-pique ou blocos compactados, cobertura de quatro águas, entre outras coisas.


Acreditamos que a solidariedade possa chegar e estas famílias possam encontrar uma casa minimamente aceitável. À excepção do casal jovem, todos os demais são idosos e viúvas, onde vivem com outros familiares, principalmente crianças. Verdadeiramente, são pessoas carenciadas para quem a ajuda faz todo o sentido.



29 de abril de 2019

Um sorriso no olhar


                                   

Já passaram 3 meses desde que pisei pela primeira vez esta Terra Santa! Itoculo é mesmo uma terra de alegria, de amor, de sonhos. Ao largar tudo e vir para aqui, jamais imaginei sentir esta alegria imensa. Que bênção tão grande é ter a oportunidade de partilhar o meu dia com estas crianças, com estes jovens, com estes papás e mamãs!


Adorava conseguir explicar-vos aquilo que sinto, mas acho que há coisas que, por mais que tentemos, nunca vamos conseguir expressar por palavras. Os sorrisos, os gestos, a alegria, a boa disposição, o “Bom dia, Mana Gabi”, ou então as crianças da escolinha a gritarem “ Mana Gabi, Mana Gabi!”, tudo isso me enche o coração e tudo isso é impossível de partilhar, porque é algo que me ultrapassa verdadeiramente. É algo que me faz transbordar de amor, de alegria e de paz. É isto que me faz sempre vibrar todos os dias e estar verdadeiramente pronta para o desafio de ser missionária em Itoculo.

                                              



O sentimento de partilha vivido nesta missão é uma constante no meu dia-a-dia. Partilhar tudo e com todos.

Estar em missão é ter a disponibilidade total para este povo. É saber que, independentemente de tudo aquilo que eu possa contribuir para este povo, quem vai aprender mais, serei sempre eu. Aprender a dar aquilo que pensava que não tinha, a partilhar a minha alegria, mas também as minhas tristezas. Partilhar este dom que é a vida. E há coisa mais bonita do que esta? Ver a vida na sua simplicidade, nas pequenas maravilhas, nos pequenos gestos, ver a vida nos outros. Itoculo tem-me ensinado que tudo é possível, mesmo quando alguma coisa corre mal, há sempre solução para tudo. Não há stress, não há pressões para sermos melhores que os outros. O mais importante é sermos sempre a melhor versão de nós próprios!

Abraçar a missão não é apenas largar tudo e vir. Abraçar a missão é ter a capacidade de saber que existirão dias muito bons e dias em que as coisas não correm assim tão bem. Ser missionário é ter esta capacidade de dar valor às coisas que realmente são essenciais na nossa vida. Ao longo destes últimos três meses, tenho crescido e tenho descoberto em mim coisas que não sabia ser capaz de fazer.

A missão também me trouxe alguém muito especial. Quando me disseram que ia partir em missão com a Cristina (que esteve em Itoculo em 2018 e voltou em 2019) fiquei mesmo muito feliz, mas sou ainda mais feliz agora por poder partilhar esta missão com ela! Deus realmente sabe aquilo que faz e estou muito grata por ter colocado a Cristina no meu caminho. “Estranhas” ou não, o que é certo é que somos muito felizes juntas e não posso nem me atrevo a pedir mais!

                                             

Viver a missão tal como ela é, com sorrisos, lágrimas, com alegria, com sofrimento, não é fácil. Mas, como diz o Padre Raúl, se fosse fácil estavam cá outros. Por isso, esta entrega exige tanto de nós que, só confiando em Deus e confiando uns nos outros, é que conseguimos levar a Paróquia para a frente. Sinto-me mesmo em casa e devo-o sem dúvida à extraordinária Equipa Missionária de Itoculo! Obrigada, Itoculo, por seres a minha casa, uma casa onde acima de tudo há muito amor e muita alegria! Este ano de 2019 vai ser mesmo especial e vai ficar para sempre marcado na minha vida.

                                        


Vou-te mostrar que as árvores riem pra ti
Vou-te mostrar que as estrelas dão sinais de si
Vou-te mostrar que o sol te aquece e te abraça
E que tudo não passa do saber viver a contemplar

Olha à tua volta e pensa em Deus
Aquele que deu tudo e tudo aos seus
Entrega o teu estar e o teu olhar
E sem o reparar, Ele vai-te abraçar
Vai-te ajudar….

Vou-te mostrar que isto basta pra viver
Vou-te mostrar que nada mais tu vais querer ter
Que nada mais tu vais querer ser
Apenas aquele que quer crescer

Olha à tua volta e pensa em Deus
Aquele que deu tudo e tudo aos seus
Entrega o teu estar e o teu olhar
E sem o reparar, Ele vai-te abraçar
Vai-te ajudar….

Mpáká Nihiku Nikina!
Gabi

13 de março de 2019

Simplicidade, alicerce da missão!


Simplicidade, alicerce da missão!

É na simplicidade que marcamos a diferença e é neste que tracejamos os nossos roteiros, na busca de melhor servir o próximo. Num dos artigos publicado aqui no “Nakumi” dizia que “no campo de cada missão há um tesouro escondido”. E é verdade, há um tesouro escondido num baú, cuja chave é a simplicidade. A vida, por si só, até então é mistério imperscrutável, não é fácil, muito menos quando não a vivemos dignamente. Com efeito, em tais circunstâncias, a simplicidade aparece como alternativa, embora descartada, e apresenta-nos uma face esmagadora. Na sua primeira ação, imperativamente, manda-nos demolir todas as cancelas, pontes (no sentido de escapar do encontro com os mais “pequeninos”), muros, etc. Depois incita-nos a preparar um lugar para um verdadeiro encontro de quem precisa de receber a boa notícia. Quando há abertura, espaço para acolhimento de cada um, de quem individual ou coletivamente somos responsáveis, podemos já dizer em vós alta que somos de Cristo, somos adeptos da boa notícia; e vendo pela vida de Jesus e pelas Suas palavras, descobrimos um forte apelo à simplicidade que nos move, assim como Ele, ao encontro de todos quantos precisam, partilhando o que somos, o bom que Deus viu em nós. Esta simplicidade está traduzida: em cada encontro, em cada aperto de mão, na paciente escuta, na reconciliação, no ensino, no sorriso, na paternidade, na preocupação com o bem-estar de todos, e no trabalho para manter a paz e justiça entre todos.

Vou fazer uma pequena apresentação de homens e mulheres, simples, que testemunham essa simplicidade evangélica no campo da missão. Os simples são felizes e têm a graça de nunca estarem sós, mesmo que o resto do mundo siga no sentido oposto. Até porque não é preciso ganhar opiniões públicas, atrair atenção de todos para se sentir feliz; sê feliz onde estejas, vivendo a vida com simplicidade, saboreando as maravilhas do eterno que Ele te proporcionará consoante o teu pedido.

Pe. Raul, válido também “Raúlo” ou “Ruru”, Superior da Comunidade dos Espiritanos em Itoculo; responsável pelo ministério dos anciãos; faz parte do secretariado a nível da diocese; 10 anos em Itoculo; Curiosidade: respeito pelo Café, sempre que possível saúda-o duas vezes por dia; Restrições: chocolate, ovos e tomates; Clube: Sporting; País: Portugal – Viana do Castelo (Ponte de Lima).


Pe. Edmilson, válido “Edimilsone” ou “Edy”, ecónomo da comunidade; responsável pelo ministério da catequese e pelo lar masculino de Itoculo; responsável pela educação a nível da zona pastoral de Carapira; 4 anos em Itoculo; Curiosidade: alérgico à campainha por volta das 13:30; Tendências: eletricista (reparações de tomadas e extensões); Clube: Porto; País: Cabo Verde – São Domingos (Milho Branco).


Gilberto, válido “Gil”, “Juluberto Bolso” ou “Zil”, membro da comunidade; responsável pelo ministério da justiça e paz e comunicação social; 17 meses em Itoculo; Curiosidade: nutricionista; Tendências: orientar obras; Clube: simpatizante com o Barcelona/ Benfica; País: Cabo Verde – Ilha de Santiago (Santa Catarina – Figueira das Naus).




Cristina, válido “Cris”, “Marisa”, “Queristina”, “Gira” ou “Mana Cristina”, e Gabriela, válido “Gabi”, “Capi” ou “Ely”, ou leigas inquilinas da comunidade; responsáveis pelo ministério dos jovens, união de facto, escolas comunitárias, biblioteca, aulas de reforço escolar; Curiosidade: querem ser padres(as) espiritanos; Restrições: cabeça da porca; Tendências: sobremesas; Clubes: Arouca e Benfica; Distúrbio: ilusão ótica – chamar um gato de girafa, uma papaieira de bananeira, etc; País: Portugal – Porto (Fiães) e Braga (Fraião).


Ir. Eduarda, Superiora da Comunidade das Espiritanas; responsável pelo ministério da família; e do centro de nutrição; 4 anos em Itoculo; Tendências e Clube: desconhecidos; Restrições: fritos e carne de porco; País: Cabo Verde – Santa Catarina.




Ir. Adelaide, responsável paroquial pelo ministério da Cáritas, Legião de Maria e pela escolinha; membro da Comissão Diocesana da Cáritas pela zona de Carapira; 13 anos em Itoculo; Curiosidade e Clube: desconhecidos; não tem restrições; País: Cabo Verde – Santa Catarina (Chada Lem).




Ir Tatiana, responsável pelo ministério da Infância Missionária e do centro vocacional da paróquia; 4 anos em Itoculo; Curiosidade: fã do Neymar; Tendências: comerciante; Restrições: Cabo Verde; País: Centro de África.





Ir Paula, responsável paroquial pelo ministério das mamãs e pelo lar feminino de Itoculo; membro da Comissão Diocesana da Promoção da Mulher pela zona de Carapira; 17 meses em Itoculo; restrições: batidos e carne de porco; Curiosidade e Tendências: desconhecidos; País: Angola.




Equipa Missionária Itoculo 2019

Gilberto Borges, in pro-missão V, Itoculo, aos 12.03.19

2 de março de 2019

A MISSÃO CONTI/ÍNUA


O ano 2019, aqui na Missão de Itoculo, começou com boas novidades e grandes desafios. Primeiramente, foi a chegada das duas leigas, voluntárias-missionárias, a Cris e a Gabi. A Cris, oficialmente Cristina Fontes de Fiães (Vila da Feira), é repetente na Missão. Depois de concluir o primeiro ano, quis prolongar um pouco mais para saborear melhor a realidade da vida missionária. A Gabriela Rodrigues, de São Tiago - Fraião (Braga), está a iniciar esta caminhada missionária ad gentes. Para ambas desejamos uma excelente e profunda vivência missionária por terras de Itoculo – Moçambique.


Depois deste reforço da Equipa Missionária de Itoculo, lançamos o ano pastoral na nossa paróquia de São José-Itoculo, a partir do Plano Diocesano de Nacala: «Reavivar o dom recebido para ser fermento na sociedade». Trata-se de um trabalho já iniciado em 2017, e que vamos continuar a apostar em áreas da catequese, da liturgia e do âmbito socioeconómico. A formação cristã mais sólida, a vivência litúrgica mais cuidada e a participação mais activa na vida social, são os temas, entre outros, que marcarão a nossa actividade pastoral.

Com o início do ano escolar chegaram também os alunos internos dos lares masculino e feminino: são 45 rapazes e 50 meninas, mais um pequeno grupo de estudantes externos. A debilidade do sistema de ensino local é para nós um grande desafio, pois temos de encontrar meios para ensinar o aluno a ler e a escrever. Não se trata de crianças, mas alunos que vêm frequentar a escola secundária. Neste sentido, o espaço da Biblioteca Paroquial, cada dia com lotação esgotada, apresenta-se como uma real oportunidade para vencer este desafio. A ampliação da escolinha (pré-escolar) mostra também a importância deste trabalho educativo. Bem-haja a quem se dedica a esta árdua tarefa.

No sentido de garantir melhor segurança alimentar, a Cáritas diocesana está a levar a cabo um projecto de criação de caprinos e cultivo de hortas em várias comunidades locais. Do mesmo modo, também nós terminamos a construção do nosso aviário, dando início à criação de animais avícolas para consumo local. Pela frente temos ainda o projecto da construção de casas melhoradas e de um depósito de água para o lar de estudantes. A missão de evangelização vai de mãos dadas com a promoção humana e o desenvolvimento integral.


Para este ano 2019 temos ainda mais expectativas.  A nível nacional teremos eleições gerais, e tudo o que isso implica para que sejam eleições livres, justas e transparentes. A nível diocesano vamos preparar a nossa Assembleia Diocesana de Pastoral, enquadrada no Mês Missionário Extraordinário (Outubro 2019). A nível de Itoculo estamos a prever receber, vindos de Portugal - Diocese de Viana do Castelo, um grupo de jovens (e não só) – missão nakumi, para uma troca de experiência missionária.

Tudo isto é apenas uma pequena parte da grande realidade missionária de Itoculo. Outras coisas mais irão acontecer e aqui mesmo vamos partilhar ao longo do ano. Fique atento e siga-nos neste Blog. Cada ano a missão continua com novos desafios e grandes novidades. Deste modo é mesmo uma missão contínua.

26 - A alegria completa

– Netia-Itoculo/2003-2004 «Um homem não pode tomar nada como próprio, se isso não lhe for dado do Céu. […] Pois esta é a minha alegria! ...