25 de dezembro de 2012


Carta de Natal


Damasceno dos Reis

Itoculo


Esta é a altura também em que a nossa comunidade se senta para fazer um balanço do ano. E, como é hábito, deparamo-nos com os donativos que fomos recebendo em favor desta missão. É impressionante e comovente verificar a quantidade de grupos da LIAM e de pessoas particulares que se solidarizam com este povo e também connosco, humildes servos nesta missão.

Com a vossa ajuda foi possível contribuir para solidificar um pouco mais esta jovem Igreja e apoiar, com alguns projectos concretos, pessoas e situações de carência extrema. Fomos publicando no nosso espaço da internet (www.nakumi.blogspot.com) alguns desses trabalhos e projectos. Convido-vos a visitar, sempre que possam, essa página para nos conhecermos sempre melhor.


E agora, como forma de agradecimento, gostaria de partilhar convosco a seguinte história: Foi uma história que há dias ouvi a uma irmã de outra missão. Não se trata de uma história extraordinária, mas de um facto muito simples. Foi na cidade de Nampula. Onde não falta gente. Gente pobre. Sempre a mendigar.

Como de costume, estando ela no carro à espera de outra irmã que tinha ido às compras, aproximou-se um desses tantos jovens profissionais da pedinchice. Muito sensatamente, a irmã não lhe deu moeda alguma. Mas, em vez de repelir o impostor com um gélido aceno de mão ou de enveredar por um infindável e desarrazoado debate, ofereceu-lhe algo. Começou-lhe a falar de Jesus. Fez como Pedro, tal como vem descrito no livro de Actos: “não tenho ouro nem prata, mas o que tenho te vou dar, em nome de Jesus Cristo…”. E assim começou uma conversa frutuosa, porque eram mais do que palavras, era o expor franco de uma autêntica paixão por Cristo, uma partilha daquilo que a irmã mais estimava, a partilha da sua maior riqueza (esta parte, de si mesma, ela não contou, mas conheço a irmã…). Até aqui, porém, nada de novo. Ela faz isto muitas vezes, é o seu modo de ser.

A conversa entre os dois tornou-se tão interessante que em breve se juntou outro jovem. Um dos muitos que deambulam pelas ruas da grande cidade à espera de uma migalha oferecida ou de outra momentaneamente “desacautelada”. E, mais uns minutos depois, já todos os pés-descalços daquela rua se tinham juntado a estes dois companheiros para assistir à boa nova que a irmã proclamava do seu púlpito automóvel. Quando chegou a outra irmã e a hora de partir, apinhavam-se à volta do carro não apenas os larápios, mas também um bom número de vendedoras de fritos e de transeuntes mais curiosos.

A irmã contava isto com um sorriso satisfeito. Um sorriso próprio de quem faz a experiência de missão como acolhimento do outro sem se preocupar com defesas ou contrapartidas. Isto só é possível se primeiro nos despojamos de falsas riquezas e nos deixamos embeber em Jesus Cristo. Assim, ensopados n’Ele, sem ouro nem prata, torna-se fácil expormo-nos para que os outros levem tudo o que realmente precisam. Esta é a verdadeira evangelização. Jesus faz-se carne (torna-se real) em todos os recantos da nossa vida? Então nem precisamos de falar. Ele torna-se visível, brilhante mesmo, para todos os que nos rodeiam.


Estamos a viver o ano da fé e terminou há pouco em Roma um grande sínodo sobre a nova evangelização, por isso me parece que esta história vem mesmo a calhar. Esta história fala de uma missão que brota de nós de maneira espontânea, porque anda sempre connosco.

Feliz Natal

21 de dezembro de 2012


Feliz NATAL


Os Missionários do Espírito Santo em Moçambique desejam a todos os seus familiares, amigos, colaboradores e conhecidos um SANTO e FELIZ NATAL de JESUS SALVADOR.


Igualmente para todos um Próspero Ano 2013 repleto das bênçãos de Deus.


Unidos «num só coração e numa só alma».

13 de dezembro de 2012


Um poço de água


Raul Viana
Itoculo


No dia 8 de Dezembro na região paroquial de Congo-Itoculo decorreu a inauguração oficial do poço de água subvencionado pela Escola Secundária Henrique Medina de Esposende – Portugal. Um apoio levado a cabo pela professora Ernestina Falcão, missionária (leiga voluntária) em Itoculo em 2010-2011, a quem recordamos calorosamente e agradecemos sinceramente. 


Os trabalhos iniciaram no dia 18 de junho com a última pesquisa para obtenção de água em Djipwi-Itoculo, e no dia 4 de julho começaram os trabalhos de abertura do furo de água. A população local apareceu e colaborou bem neste serviço. Oito dias depois já se encontrava a primeira água com 18m de profundidade. Grande alegria para todos os presentes. Porém, ainda não se tinha atingido a profundidade suficiente para garantir uma quantidade de água que permita instalar uma bomba manual. Continuou-se a aprofundar, mas aos 19m atingimos uma zona rochosa que não nos permitiu prosseguir no aprofundamento do furo. Ainda procuramos outro sítio no mesmo terreno, mas sem sucesso. Propusemos abrir um poço no local onde a população apanha água, mas os locais não estavam interessadas. Desta maneira terminamos os trabalhos em Dijipwi e avançamos para a região do Congo.


Assim, no dia 2 de agosto estivemos com os técnicos no terreno e decidiu-se abrir um poço manual. Os trabalhos reiniciaram no dia 13 de Agosto, com pá e picareta, e ao fim de alguns dias já atingia 4 metros de profundidade. Mas uma camada de ao chegar de saibro muito duro travou os trabalhos. Impossibilitados de prosseguir, decidiu-se abrir num outro sítio, relativamente perto. Mas também aqui ao fim de 5m nos deparamos com o mesmo problema.

Finalmente, no dia 1 de outubro reiniciamos os trabalhos, sendo que ao fim de 3,50m já havia sinais de água, o que animou o prosseguimento dos trabalhos de perfuração que atingiu 5,40m de profundidade. Uma vez que apanhava água suficiente e começava a dificultar a dureza do terreno saibroso, decidimos iniciar o fabrico de manilhas de cimento para garantir que o poço não vá aluir no tempo das chuvas e que haja água potável.


Iniciou-se o trabalho de busca de areia e pedra para as manilhas. Concluído o fabrico das mesmas, procedeu-se à sua instalação no dia 5 de Novembro. Depois fez-se a base para a instalação da bomba manual de água. No dia 10 do mesmo mês instalou-se a bomba manual de água e entregou-se a um grupo de pessoas a responsabilidade de cuidar deste bem comum.

A nossa palavra final é um sentido agradecimento aos alunos e à Escola Henrique Medina – Esposende, lembrando uma vez mais a nossa irmã e amiga leiga voluntária, Ernestina Falcão. Ao mesmo tempo, agradecemos a todos os que se empenharam para que isto mesmo acontecesse: trabalhadores, assistentes e ajudantes, cozinheiros, etc… Não queremos esquecer ninguém.


Sabemos que este poço não vai resolver todo o problema da água em Itoculo, mas acreditamos que é uma ajuda eficaz que faz parte da nossa missão como cristãos nesta terra. Muitas gotas de água enchem o mar, e esta é mais uma gota que queremos acrescentar, para que as pessoas possam aceder mais facilmente a este líquido precioso e essencial.

Enfim, fazemos votos para este poço seja bem estimado e cuidado. Ele servirá o nosso Centro Regional do Congo e também servirá a população em redor, sendo coordenado por um comité de água devidamente formado. Esperamos e rezamos para que a água nunca se esgote neste poço e para que haja sempre boa coordenação entre todos os responsáveis e utentes.

26 - A alegria completa

– Netia-Itoculo/2003-2004 «Um homem não pode tomar nada como próprio, se isso não lhe for dado do Céu. […] Pois esta é a minha alegria! ...