27 de setembro de 2012

Nota Pastoral do Bispos de Moçambique


Raul Viana
Itoculo 


Por ocasião do 20º aniversário da assinatura do Acordo Geral de Paz os Bispos de Moçambique publicaram uma Nota Pastoral com o título: “CONSTRUIR A DEMOCRACIA PARA PRESERVAR A PAZ”. Trata-se de um documento dirigido a todas as comunidades cristã e aos homens e mulheres de boa vontade, publicada no dia 16 de agosto deste ano. A sua pertinência é atual e corajosa pois ousa dizer o que muitos vêm e sentem, mas que não têm voz, nem vez, para se fazerem ouvir.

 
Os Bispos, na primeira parte da Nota Pastoral, afirmam que “os frutos da paz são a justiça e o bem comum”. Com base nisso enumeram alguns frutos alcançados: reconciliação nacional, democracia, liberdade de expressão, afirmação da sociedade civil e a reconstrução e expansão de algumas infraestruturas sociais e económicas.

 Na segunda parte, falam das ameaças à paz e a uma convivência democrática. São os «males» e «fraquezas» da atual situação política em Moçambique onde se multiplicam práticas autoritárias dos partidos políticos «retoricamente democráticos»; onde reina o “fraco espírito de diálogo e tolerância pelo diferente”; onde prevalece a absolutização dos partidos e o culto da personalidade; e onde a usurpação das riquezas do país são restritas a uma elite.

 
“Comprometer-se com a reconciliação, com a justiça e com a paz” é a última parte deste documento que convida a repensar as prioridades e valores em exercício. Aqui, os Bispos apelam a fazer de Moçambique “uma casa para todos os moçambicanos e não um mercado para os mais espertos”. Para tal, urge superar a pobreza não só económica, mas também espiritual; repensar a política dos «Megaprojetos» para se evitarem «Megaproblemas»; «educar para os valores da solidariedade, partilha e comensalidade»; e trabalhar com responsabilidade para com as gerações futuras.


 Enfim, é uma Nota Pastoral bastante clara na análise e na denúncia de uma governação que põe em risco a democracia e os valores pelos quais foi assinado o Acordo Geral de Paz em Roma, a 4 de Outubro de 1992. Talvez fosse mais profética se apresentasse algumas indicações concretas para uma pastoral que responda aos grandes desafios apresentados. Contudo, é uma iniciativa louvável e de boa qualidade que desperta para a realidade e compromete a Igreja na construção de um mundo mais fraterno.

26 - A alegria completa

– Netia-Itoculo/2003-2004 «Um homem não pode tomar nada como próprio, se isso não lhe for dado do Céu. […] Pois esta é a minha alegria! ...