30 de novembro de 2017

Ser ou não ser


Há uma altura na vida, ou pelo menos na minha houve, em que pomos em causa ou questionamos muita coisa e a minha religião não fugiu a esse julgamento.

Somos muitas vezes aconselhados a fugir daquilo que é muito diferente de nós e que pode ter uma influência negativa no nosso caminho "Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és".
Acontece que, no meu caso, na temática da religião tem sido o contrário. A maior parte dos meus amigos, diria que muito mais que 70%, não acreditam em Deus, mas são exatamente esses meus amigos que me levam a caminhar mais firme na minha fé.

Estava eu a conversar com uma grande amiga minha, que não acredita em Deus, num momento em que a minha religião estava no chamado "ou vai ou racha" e ela disse-me que tinha estado a conversar com uma outra amiga, do CAB, que lhe disse que para ela ser Cristã era tão simples quanto isto, quando ao longo do seu dia pensava/fazia alguma coisa menos Boa, automaticamente pensava "Não estou a ser uma boa cristã". O ponto de viragem foi exatamente este, quando percebi que a minha religião não fazia sentido para mim se se baseasse apenas em ir à missa aos Domingos, não, a minha religião tinha de ter impacto no meu dia a dia e tinha necessariamente que me tornar melhor pessoa, ou então não fazia sentido. Tive a certeza disto quando uma outra amiga me disse "Eu não acredito em Deus, mas acredito nos valores da igreja Católica".

No outro dia li uma crónica que dizia que o Marcelo Rebelo de Sousa, tem esta compaixão pelas pessoas, correndo sempre para quem está a sofrer, porque é Católico. Também a irmã Eduarda estava a conversar com as famílias daqui e estava a dizer que devíamos respeitar as mulheres, não lhes devíamos bater, nem as tratar como seres inferiores e um papá disse-lhe, "Nós já não fazemos isso, porque nós somos cristãos". É assim simples, ajudar quem sofre e não fazer ninguém sofrer.

Vou terminar com uma última história, durante a minha formação de voluntariado missionário, estivemos 4 dias numa casa de saúde a fazer uma experiência prática de voluntariado e nos primeiros 2 dias tínhamos 2 jovens Italianos connosco, que por acaso não acreditavam em Deus e quando a Catarina os foi levar à estação o rapaz disse-lhe "Eu não acredito em Deus, mas hoje vi-O".

Se as nossas obras, as nossas vidas, enquanto Cristãos não são um reflexo da existência de Deus estamos a fazer qualquer coisa de errado, não estamos a ser bons cristãos. Não é que quem não é cristão, não seja boa pessoa, são para mim na maior parte das vezes motivo de inspiração, mas nós cristãos temos obrigação de o ser e temos de deixar que as nossas obras o provem.

Se algum dia alguém disser, a Helena é assim, ou fez isto, porque é Cristã, vou ficar com o sentimento de dever cumprido.


3 de novembro de 2017

Friends will be friends


Sempre na minha vida me apoiei nos meus amigos para tudo, sempre foram o meu porto seguro, são aquelas pessoas com quem gosto de partilhar tudo, mas principalmente com quem gosto de partilhar as minhas alegrias, as minhas conquistas na vida.

Na série HIMYM (em português “Foi  assim que aconteceu”) o Barney diz-nos “Whatever you do in  this life, it’s not legendary unless your friends are there to see it”. Este pensamento “assombrou-me” desde o momento em que embarquei no avião para entrar nesta aventura, foi o meu maior medo ao deixar Portugal, perder os meus amigos, porque a minha família eu sei que nunca me abandonará, mas a amizade é um amor diferente, precisa de ser alimentado.

Acontece que, como sempre os meus amigos me surpreenderam. Ao embarcar na mais recente loucura de tentar angariar 7232€, apenas da generosidade das pessoas, os meus amigos provaram-me que não existe oceano que nos  separe.

Não consigo quantificar a quantidade de amor que recebi, das mais variadas formas, das mais variadas pessoas, desde que demos início ao nosso projeto “Água é vida”. Toda a gente quer ajudar e partilhar o projecto.

Mas o que mais me impressionou foi o apoio dos meus amigos, que estão tão empenhados que este projeto dê certo como eu. Ouvir  “A primeira coisa que faço quando acordo é atualizar o site”, “Vou criar um evento para toda a gente receber notificações”, "Posso partilhar em grupos", “Já atingimos os 2000€”, “Já atingimos os 3000€”, prova que não fui eu que atingi, fomos nós, juntos. E apesar de não estar fisicamente com eles, eles estão sempre comigo. Com este projeto agitei amizades adormecidas, aquelas  que às vezes pensamos que já não existem, criei amizades novas e fortaleci aquelas que espero que sejam as amizades para a vida, aliás não foi quando criei este projeto, foi quando embarquei naquele avião, a distância faz-nos perceber o que realmente importa e aproxima-nos daqueles que nos fazem bem. Independentemente do desfecho deste projeto, ter tanta gente mobilizada ao ver o sofrimento de outros povos, faz-me ter esperança na humanidade, faz-me ter fé de que nem todos estamos loucos.

Os meus amigos não estão aqui para me ver cair num buraco, não estão aqui para me ver a aprender a peneirar milho, não estão aqui para me ver a fugir de baratas… mas a matar escorpiões. Mas estão aqui, logo já posso dizer que esta aventura está a ser:

legen…wait for it… dairy.


26 - A alegria completa

– Netia-Itoculo/2003-2004 «Um homem não pode tomar nada como próprio, se isso não lhe for dado do Céu. […] Pois esta é a minha alegria! ...