1 de setembro de 2011




Era uma vez uma biblioteca…


Ernestina Falcão

Itoculo


...que, naturalmente, tinha livros. Não eram assim muitos, muitos, muitos, mas qualquer livro que se preze gosta de ser folheado, cheirado, lido, “saboreado”, e os desta biblioteca, nada … ninguém lhes ligava nenhuma e, por isso, eram livros tristes…Até que apareceu uma leiga missionária voluntária, que gosta muito de livros e que se interessou muito por eles e muito mais ainda pelas pessoas que podiam beneficiar deles. Então, ela mostrou-os, deu-os a conhecer, fez publicidade deles, chamou à atenção para eles.
A biblioteca de que falamos é a biblioteca paroquial de São José de Itoculo e a leiga missionária sou eu mesma… a Ernestina. Bom, dinamizar esta biblioteca foi um trabalho a que me dediquei e que me deu muitas alegrias. O P. Raul, o P. Damasceno, depois o Vincent e, por último também o P. Desmond tinham que me aturar quando eu regressava da biblioteca, nos primeiros dias de abertura, um pouco triste porque não aparecia ninguém e depois cheia de alegria e entusiasmo que não era capaz de guardar e tinha que partilhar com eles quando numa tarde (apenas duas horas) me apareciam na biblioteca 10, 15, 20 alunos e o máximo foram 44.
Os livros mais requisitados / procurados são os manuais escolares moçambicanos da 8ª classe, mas também começaram a aventurar-se na pesquisa. Como só temos dois manuais de cada disciplina e os alunos eram muitos, então eles procuravam noutras prateleiras os assuntos que queriam pesquisar.
Foi muito bom e gratificante ver aquele espaço, transformar-se num local de encontro, de estudo e de descoberta de novos saberes para muitos jovens estudantes. Actualmente são 84 os leitores da biblioteca e alguns deles são já frequentadores assíduos da biblioteca. É com grande alegria que os recebo na biblioteca e os vejo estudar, pois os manuais escolares (o de Biologia em especial...) são os mais procurados.
A terça-feira, dia 9 de Agosto foi dia de festa, pois foi registada a requisição número mil na nossa biblioteca paroquial. Teve direito a registo escrito (na folha de requisições) e fotográfico.
A partir de meados de Junho, a biblioteca paroquial já não tinha só livros…, passou a ter também um computador - estava no cartório meio abandonado e resolvemos dar-lhe uso. Notei que os livros ficaram um pouco enciumados, pois as maiores atenções deixaram de ser para eles e passaram a ser para aquele aparelho lá colocado em cima da secretária…Mas tudo se resolveu porque o computador era só um e a pessoa que podia ensinar a trabalhar com ele também era só uma e por isso os livros continuaram a ser muito requisitados. O número de leitores anuais, pois só estes teriam acesso ao computador, é que cresceu: passou de 29 em 14 de Junho (data em que foi colocado o computador na biblioteca) para os 48.
Também a partir de 19 de Julho, na nossa biblioteca apareceu outra novidade: o jogo de xadrez. Este é um jogo que, reconhecidamente, desenvolve o raciocínio e, por isso a capacidade de aprendizagem. Pois bem, desafiei o P. Damasceno, que gosta de jogar xadrez e não tem companhia, a ensinar os utentes da biblioteca a jogar. Ele, depois de alguma resistência, aceitou o desafio e foi até à biblioteca ensinar, mas logo se queixou das capacidades de aprendizagem dos meus alunos.Um passarinho segredou no meu ouvido que um projecto novo está a nascer, para a criação de um novo espaço para a biblioteca, um espaço maior com sala de leitura própria (até à data, é o refeitório do centro paroquial que serve de sala de leitura e de estudo) e também com espaço para a informática. Pois essa é uma excelente ideia e que vou apoiar com tudo o que me for possível.

26 - A alegria completa

– Netia-Itoculo/2003-2004 «Um homem não pode tomar nada como próprio, se isso não lhe for dado do Céu. […] Pois esta é a minha alegria! ...