Fundação da Missão
«Foi no ano 2002, depois de uma Missa na comunidade de S.
José de Itoculo que o P. Ambrósio disse-me para esperar receber os Padres que
haviam de vir de Natete comprar um terreno para a fundação de uma missão dentro
da área da Sede do Posto. Depois de sair o Padre fiquei ainda sem saber qual
seria a data da chegada desses Padres.
Mas depois de alguns dias vi três jovens estrangeiros que
entraram no meu quintal depois de pedirem licença, e admiti-os a entrar.
Admirei quando vi aqueles jovens com cara de pessoas amigas, e lembrei-me da
tarefa dada pelo Padre Ambrósio, sorri também para eles para que não me
achassem uma pessoa estranha.
Servi lugar de sentar, eles olharam-se e sentaram. Eram
três Padres: P. Pedro Fernandes, P. Alberto Tchindemba e P. Damascenos dos
Reis. Em menos de 15 minutos saímos para as zonas que por mim haviam sido
reconhecidas e reservadas para a fundação da nova missão. Começamos pela área da
serração com uma extensão de 100m por 100m. Depois seguimos para a área da
velha fontanária que era também como a primeira. Por último, fomos na área que
me pertencia juntamente com o sr. Cassimo Mosuade. Foi esta que os novos Padres
acharam ser suficiente e pretendida.
Assim, fomos falar com o sr. Cassimo, sentamos numa
sombra, negociamos com ele e aceitou vender tudo o que lá existia, e eu também
aceitei vender a minha área. (onde está a casa da missão era dosr. Cassimo e
onde está o Centro Paroquial era do sr. Bento). Então os Padres encarregaram-me
de contar as plantas que mereciam vender, e depois eles viriam pagar. E de
facto, no dia seguinte apareceram e pagaram a cada um de nós segundo o número
dos seus bens. Os bens foram vendidos a preço amigável, que até não foi preciso
consultar a agricultura.
No terceiro dia de trabalho fomos ao chefe do Posto que
indicou alguém do seu gabinete para medir a área. No dia da medição estava eu,
dois da administração e os três Padres. Eu com a minha catana abria as picadas
que limitavam a área. Era no tempo seco, o mato estava cheio de feijão-macaco.
Quando acabamos a abertura dos limites, dos Padres recebi outra tarefa que era
de escolher pessoas para derrubar todo o mato.
Escolhi, então, essas pessoas fazendo-lhes corresponder 1
hectare a cada um deles. Era no ano que sofríamos de fome, por isso preferi
escolher só irmãos da igreja. Eu fui encarregado do grupo. Os 9 hectares foram
derrubados mas com grandes dificuldades. Ora se queixam do dinheiro ser pouco, ora
se queixam do feijão-macaco. Mais tarde descobri que a grande dificuldade era
de fome que assolava a zona. Informei os padres e eles trouxeram 10 sacos de
farinha de milho o que correspondia um saco a cada um de nós. Assim o trabalho
passou a correr normalmente, já havia poucas lamentações e concluímos a derruba
e fomos pagos.
Dos Padres recebi outra tarefa de esperar o pessoal da
pesquisa de água. O pessoal chegou na minha casa. Logo fomos pesquisar e a
primeira descoberta da existência de água foi na zona da Serração, aí colocamos
uma estaca. Depois fomos atrás da atual casa dos e colocamos uma pedra e uma
estaca de pau-preto. Por último descobriu-se que também havia no cajueiro junto
ao atual Centro Paroquial S. Francisco Xavier, onde colocamos uma estaca.
Quando veio a equipa de abertura de furos, preferiram a
nossa última pesquisa. Aí abriu um furo em que a quantidade de água não era
suficiente. Eu por minha iniciativa conduzi a equipa para perto de um morro de
mochem, que pelas características da zona parecia-me haver água. Quando
chegamos, viram que realmente existia uma grande quantidade de água, a qual até
hoje nunca faltou.
Assim foi o início da chegada dos Padres e a história da
água da missão por mim descoberta».