O “nó” que nos une!
O “nó” cego, que não se desfaz. O
“nó” que só se dá em Deus. O nó que nos dá um irmão. O “nó” que rejeita as indiferenças,
destrói barreiras e quebras as fronteiras (lembremos dos quantos e quantos que
já perderam vida nas fronteiras devido à falta deste “nó cego”).
O “nó” que nos faz olhar na mesma
direção. O “nó” que impõe responsabilidades para com os mais pequeninos, pois
eles são a porta do reino do céu (Mt 18, 1-14). É deste nó, precisamente, que
pronuncio!
O “nó” que nos congrega e nos faz
comungar da mesma comunhão, o Santíssimo Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo. O
nó que faz do inimigo um amigo; que faz de um estranho um conhecido; que
transforma um coração pobre, num coração nobre e sóbrio. O nó que nos configura
à imagem e semelhança de Deus (salmo 8). É a ausência deste “nó” que, na
verdade, o mundo reclama!
O “nó” que protagoniza um amor
gratuito, que não exige retorno, irreversível, e que estende até aos inimigos,
o amor caritas. Deste, o mundo
carece. Perante uma sociedade desenfreada, frenética, egocêntrica, é com urgência
que sublinho a precisão deste “nó”. O “nó” que alberga dois em um, torna o
«outro» num «eu».
A ausência deste “nó” que já se faz
sentir, faz-me crer que, a raça humana está constantemente sob ameaças e, o
pior, em vias de extinção. Por isso, o mediterrâneo transformou-se num
cemitério de esperanças; basta olharmos para o terceiro membro familiar,
embora, é lamentável a maneira com que perdeu o seu espaço na família, vemos
homens e mulheres de hoje e do amanhã morrendo, sofrendo, ou passando fome
injustamente ou à deriva de melhores condições de vida; curiosamente, por outro
lado, vemos grandes banquetes, brindes mascarados, vemos lixo feito de comidas
enquanto há milhões de lázaros nos oceanos, nas ruas, ao pé da nossa mesa ou
porta, esperando que caiam os restos, vemos lixo e mais lixo produzido pelas
políticas manipuladoras, ainda vemos o homem a limpar o sangue nas
calçadas da sua vítima feito por um ataque terrorista, uma bala perdida, uma
manifestação em massa com recursos à violência, etc. repare nisto tudo, tente
pôr-se no lugar destes terceiros, e sinta pelo menos uma ponta do sabor amargo
da vida nestas circunstâncias, e depois interroga-te a ti mesmo: será que o
homem, supostamente humano, é humano? Onde está o humanitarismo?
Num mundo muito agitado pelos “medias”, tudo que leva o homem ao
encontro de si mesmo, ao encontro com Deus face-a-face, é descartado, posto de
lado ou em segundo plano. De todos os tarifários que anda por aí, com objectivos, cada vez mais, de conquistar e chamar atenção usando truques, fazendo roubos
consentidos, o menos activado é aquele que é justo e verdadeiro com os seus
clientes. Isto não é nada mais que as réplicas de uma nação absolvida pelas
suas próprias ideias egocêntricas. O que sobrou desta nação? Nada mais que
montões de “Marionetes” dos medias. Ativa Deus na tua vida e
desfruta das grandes vantagens, que pode mudar a tua vida. Triste é quando o
homem dá por ele pendurado num abismo enigmático. ele procura Deus, talvez mesmo que
o encontre, porque quem procura encontra, não o compreende; para estes está
reservado cuidados paliativo.
Sim, precisamos deste “nó” que
invoca a prudência, que nos faz tomar a consciência da nossa essência! No auge
dos novos tempos, em que se fala muito da ecologia, este “nó” dita uma «ecologia
humana», ou seja, é preciso ser ecológico nos pensamentos, ideias, ações -
visto que há ideias, projetos que por si só são sujos - antes de o ser para com
o meio ambiente e a sociedade em geral. O “nó” que nos chama a razão e a uma
consciência clara tem de ser dado, caso queiramos ver algo belo no nosso
habitat.
O “nó” que nos une, é o “nó” que
desvenda os rostos da justiça e da paz, radicadas no amor, não só para alguns,
mas para todos, para a humanidade no seu todo. Este amor vem do alto se o
procurar; não cai do alto para o encontrar ou tirar à sorte. O “nó” que nos une
tem de ser dado, se queremos deixar marcas dignas de honras neste mundo. O “nó”
que sara as feridas, alivia a dor dos que sofrem, que acolhe os que não têm
lar, que dá ouvidos e acolhe as vozes desabrigadas, pairadas no tempo, na
maioria das vezes ignoradas pelos sistemas burocráticas, egoísmo, comodismo, etc.
Este “nó” que nos une, une corações despedaçados, fortalece os abatidos e
oprimidos pela corrupção, pela ausência da democracia ou uma democracia subornada,
regimes políticos, etc. É preciso este “nó” que corta o sabor amargo deste
mundo. Acima de tudo precisamos deste “nó” que se dá, também, na solidariedade.
Porque este “nó” existe, e há muitos
que o querem dar, a paróquia São José acolheu, no passado dia dois de agosto,
um grupo de jovens sem fronteiras: Pe. Damasceno, Dino, Raquel, Ângela, Inês e Martina, que
abraçaram o projeto Ponte e, que também abdicaram do conforto e das preciosas
férias do verão, para pôr se ao serviço dos outros em Moçambique, Província de
Nampula, distrito de Monapo, missão de Itoculo. Com certeza que vai ser um mês
dando “nós” em cada encontro, em cada sorriso, e em cada toque da missão. De
facto é dando que se recebe, pois o maior ato de fé é a entrega total. Rezemos
para que Deus ilumine este grupo de jovens para que possam, influenciados pelo
espirito de entrega e partilha, colham frutos em abundância nas suas vidas das
“sementes” que durante este mês de agosto vão lançando na missão de Itoculo. “Movidos
pela pérola, chamados a partir”. Isto, é aquilo podemos dizer: missão com garra
e determinação na aurora do “nó” que nos une.
Gilberto Duarte Borges, in pro-missão 2,
Itoculo aos 14.06.2018