14 de maio de 2019

Ciclone soprou forte em Itoculo


A cobertura da igreja de Namalima, centro de zona onde está a paróquia de São José de Itoculo, voou com os ventos do ciclone Kenneth que fez grande destruição no norte de Moçambique, Província de Cabo Delgado. As imagens e reportagens mostram a impotência do homem perante tal fenómeno e confirmam o rasto de destruição causado e a pobreza daqueles que tudo perderam, alguns até a própria vida. A sobrevivência e reconstrução é agora a luta de cada dia que merece uma ajuda concreta e imediata.


Aqui em Itoculo, apenas numa zona muito restrita, houve uma rajada desse ciclone que levou pelos ares a cobertura em chapa de zinco de uma capela e várias casas vizinhas que ficaram destruídas parcial e totalmente. As chuvas intensas que se fizeram sentir após a passagem do ciclone agravaram a situação. Assim, nessa zona, nove famílias ficaram desprotegidas e aguardam apoio para reconstruir as suas casas.


O Sr. Alfredo, ancião da comunidade, nem tem palavras para descrever o estado da igreja: «Como vamos fazer agora, senhor padre?», falava assim. A sua casa também sofreu com as chuvas e só lhe resta fazer uma casa nova. Ao lado um jovem casal Mito Neves e esposa no dia do ciclone viram cair uma parte da sua casa e três dias depois as chuvas intensas derrubaram o outro lado da casa. Vivem aí mesmo e assim mesmo. A mamã Maria Cipriano, viúva, viu cair o tecto da sua casa e não tem como fazer para reconstruir, dorme no alpendre da parte da casa que ainda está de pé. Mais abaixo outra família está na mesma situação. E casos destes repetem-se nas casas das mamãs Amina Cussia, Julieta Teodoro e a Maria Cristina Requege, e dos senhores Elias Amisse, Félix Gabriel, e Jorge Mwareque.


Além das casas, e um pouco por toda a área da paróquia, as culturas sofreram bastante com as chuvas que se fizeram sentir. Sendo que este é o tempo da colheita, o amendoim, milho, feijão e outros cereais ficaram tombados na machamba são comidos pelo mochem. O esforço imediato é recolher o máximo desses produtos para haver o mínimo de garantia alimentar, e só depois pensar em reconstruir, aqueles que ficaram com as casas danificadas. Entretanto, com alguns rolos de plástico se improvisou uma pequena construção que abriga da chuva e do sol, ainda que mais provisória que a construção anterior.
Tomando conhecimento desta realidade, fizemos uma sentada com os responsáveis da comunidade vimos que seria importante e necessário encontrar apoios para a reconstrução destas nove casas e da igreja. Juntos chegamos à conclusão que havendo possibilidades de apoio financeiro este seria para a parte da cobertura, correspondendo a 30 chapas de zinco, 40 barrotes e 7kg de pregos. O restante da construção fica ao encargo de cada família e da comunidade. Mas um tipo de construção que possa resistir às próximas intempéries. Ou seja construção mais resistente, de pau-a-pique ou blocos compactados, cobertura de quatro águas, entre outras coisas.


Acreditamos que a solidariedade possa chegar e estas famílias possam encontrar uma casa minimamente aceitável. À excepção do casal jovem, todos os demais são idosos e viúvas, onde vivem com outros familiares, principalmente crianças. Verdadeiramente, são pessoas carenciadas para quem a ajuda faz todo o sentido.



26 - A alegria completa

– Netia-Itoculo/2003-2004 «Um homem não pode tomar nada como próprio, se isso não lhe for dado do Céu. […] Pois esta é a minha alegria! ...