A cobertura da igreja de Namalima, centro de zona onde está a
paróquia de São José de Itoculo, voou com os ventos do ciclone Kenneth que fez
grande destruição no norte de Moçambique, Província de Cabo Delgado. As imagens
e reportagens mostram a impotência do homem perante tal fenómeno e confirmam o
rasto de destruição causado e a pobreza daqueles que tudo perderam, alguns até
a própria vida. A sobrevivência e reconstrução é agora a luta de cada dia que
merece uma ajuda concreta e imediata.
Aqui em Itoculo, apenas numa zona muito restrita, houve uma rajada
desse ciclone que levou pelos ares a cobertura em chapa de zinco de uma capela
e várias casas vizinhas que ficaram destruídas parcial e totalmente. As chuvas
intensas que se fizeram sentir após a passagem do ciclone agravaram a situação.
Assim, nessa zona, nove famílias ficaram desprotegidas e aguardam apoio para
reconstruir as suas casas.
O Sr. Alfredo, ancião da comunidade, nem tem palavras para
descrever o estado da igreja: «Como vamos
fazer agora, senhor padre?», falava assim. A sua casa também sofreu com as
chuvas e só lhe resta fazer uma casa nova. Ao lado um jovem casal Mito Neves e esposa
no dia do ciclone viram cair uma parte da sua casa e três dias depois as chuvas
intensas derrubaram o outro lado da casa. Vivem aí mesmo e assim mesmo. A mamã
Maria Cipriano, viúva, viu cair o tecto da sua casa e não tem como fazer para
reconstruir, dorme no alpendre da parte da casa que ainda está de pé. Mais
abaixo outra família está na mesma situação. E casos destes repetem-se nas
casas das mamãs Amina Cussia, Julieta Teodoro e a Maria Cristina Requege, e dos
senhores Elias Amisse, Félix Gabriel, e Jorge Mwareque.
Além das casas, e um pouco por toda a área da paróquia, as culturas
sofreram bastante com as chuvas que se fizeram sentir. Sendo que este é o tempo
da colheita, o amendoim, milho, feijão e outros cereais ficaram tombados na
machamba são comidos pelo mochem. O esforço imediato é recolher o máximo desses
produtos para haver o mínimo de garantia alimentar, e só depois pensar em
reconstruir, aqueles que ficaram com as casas danificadas. Entretanto, com
alguns rolos de plástico se improvisou uma pequena construção que abriga da
chuva e do sol, ainda que mais provisória que a construção anterior.
Tomando conhecimento desta realidade, fizemos uma sentada
com os responsáveis da comunidade vimos que seria importante e necessário encontrar
apoios para a reconstrução destas nove casas e da igreja. Juntos chegamos à
conclusão que havendo possibilidades de apoio financeiro este seria para a
parte da cobertura, correspondendo a 30 chapas de zinco, 40 barrotes e 7kg de
pregos. O restante da construção fica ao encargo de cada família e da
comunidade. Mas um tipo de construção que possa resistir às próximas
intempéries. Ou seja construção mais resistente, de pau-a-pique ou blocos
compactados, cobertura de quatro águas, entre outras coisas.
Acreditamos que a solidariedade possa chegar e estas
famílias possam encontrar uma casa minimamente aceitável. À excepção do casal
jovem, todos os demais são idosos e viúvas, onde vivem com outros familiares,
principalmente crianças. Verdadeiramente, são pessoas carenciadas para quem a
ajuda faz todo o sentido.