que bom estar aqui
Elson Lopes
Itoculo
Já lá vão quase 5 meses que cheguei a Moçambique e quase que não dou conta, pois já me sinto macua. Estou mais rico (não de dinheiro) e mais gordo (1kg) apesar de uma malária que foi leve (dois dias de cama).
Agora compreendo o que sempre ouvi dizer aos missionários, estagiários e leigos que estiverem em terras de missão: nada levei e tudo trouxe. Digo o mesmo: nada trouxe e já recebi muitas coisas. Por isso digo que estou mais rico do que quando vim. Muito aprendi e estou aprendendo cada dia que passa com este querido povo moçambicano, concretamente povo de Itoculo. Já tive lições de vida a nível espiritual e material.
Quando vejo este povo que vive com o mínimo para a sobrevivência, às vezes nem isso, a partilhar, a comer do que tem e quando tem, a aproveitar o máximo do que tem sem deixar estragar e a agradecer mais do que reclamar. Comecei a rever a minha vida, pois eu, graças a Deus, tive o privilégio, se assim posso dizer, de ter muita coisa e até de fazer escolhas. E mesmo assim reclamava mais do que agradecia. Este povo fez-me aprender a reclamar menos e a agradecer mais.
Quando vejo este povo a percorrer quilómetros a pé, por vezes ao sol, às vezes com chuva e fome, para se confessarem e participarem na eucaristia, vejo a minha pouca fé, porque nunca tive que percorrer mais de 2km a pé nem de carro para me confessar e participar numa celebração e às vezes ia só para cumprir o meu dever cristão e de seminarista.
Nos tempos litúrgicos fortes (natal e páscoa) há sempre confissões em todas a zonas da paróquia e enquanto o padre confessa aproveito para fazer encontros com os jovens. Uma vez, um jovem fez uma afirmação e depois fez-me uma pergunta que me fez e faz pensar: na bíblia Jesus diz que quem acreditar Nele há-de fazer milagres. Porque que é que nós que dizemos acreditar em Jesus não fazemos milagres?
Isso faz-nos pensar se realmente acreditamos em Jesus. Acho que sim mas é preciso acreditar de todo o coração. Isso é complicado mas é possível.
Uma coisa interessante também é a simplicidade deste povo e sobretudo das crianças que são uns amores. Logo que ouvem o carro a passar saem todos a correr gritando “ta-ta-vo” e dão um sorriso lindo e puro.
É tudo isto que me enriquece, e dá-me forças para procurar amar mais, dar-me aos outros e dizer “NOXUKURO, PWIYA MULUKU”.
9 de abril de 2010
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