EM MOÇAMBIQUE
(2ª Parte)
Alberto Tchindemba
França
3. Chegada dos espiritanos a Moçambique
O dia 28 de Novembro de 1996 ficou gravado nos anais da história do Grupo Internacional Espiritano de Moçambique, pois marca o início de uma missão ao serviço de uma Igreja jovem e cheia de dinamismo, num país que acabava de sair de uma longa guerra civil que durou 16 anos e que ceifou vidas de muitas pessoas.
Os confrades Benedito Cangeno, Domingos Matos Vitorino e Anthony Ahamba, partem para a paróquia de S. Paulo do Bàrué, Inyazónia, ocupando-se da cura pastoral de quatro grandes distritos, nomeadamente, Bàrué, Guru, Macossa e Tambara, que correspondia a metade da diocese do Chimoio. Trata-se de uma missão de primeira evangelização, onde há 20 anos a população não tinha missionários residentes. As grandes viagens ao encontro do povo para a animação espiritual das comunidades e a formação dos responsáveis das pequenas comunidades cristãs marcaram o dia-a-dia missionário dos confrades. Por seu lado, os confrades Pedro Fernandes, Lawrence N. Nwaneri e Alberto Tchindemba, embarcaram para a paróquia de Nossa Senhora de Assunção, Netia, dedicando-se também na assistência espiritual das comunidades cristãs de Netia e setor de Djipui e Xihire da futura paróquia de Itoculo.
Portanto, é nesta Igreja ministerial que os espiritanos se lançam para mais uma aventura missionária. No seu trabalho missionário, os espiritanos vão contar com o apoio das Congregações Religiosas já com uma vasta experiência de missão em terras de Moçambique para a consolidação da Igreja local. O objetivo da missão passa pelo anúncio de Jesus Cristo, ajudando o povo a «andar com os seus próprios pés», como dizia um dos bispos moçambicanos. Os primeiros anos de missão são inteiramente dedicados à descoberta e aprendizagem da cultura e da língua povo. Os espiritanos, entram na pastoral de conjunto das dioceses onde trabalham. Prestam serviços pastorais a vários níveis: animação das comunidades cristãs, coordenação de comissões diocesanas, animação de encontros, pregações de retiros, etc. Trata-se de um momento de grande trabalho e de espírito de entrega, onde a preocupação era de trabalhar para o desenvolvimento integral da pessoa humana.
4. Dificuldades da primeira hora
A primeira dificuldade que saltou à vista de todos foi a distância que separa as duas comunidades espiritanas e consequentemente a falta de comunicação entre os membros das duas comunidades. Nesta altura, as estradas que ligavam o sul e o norte de Moçambique eram impraticáveis, e a falta de uma ponte sobre o rio Zambeze tornava a ligação norte-sul ainda mais difícil. A travessia do rio Zambeze fazia-se por batelão, ou então devia-se passar via Malawi para chegar a uma das comunidades. Em pleno tempo chuvoso era praticamente impossível pôr-se a caminho! Diríamos que a viagem de Inyazónia a Netia levava pelo menos 3 dias, viajando em péssimas condições e correndo o risco de danificar a saúde, e também o carro. As viagens de avião eram extremamente caras e obrigavam-nos a passar pela cidade da Beira e depois de ‘chapa’ (transporte público) seguia-se para Inyazónia, e vice-versa até Netia. Este isolamento fez com que cada comunidade vivesse as suas dificuldades sem as poder partilhar com os outros. De facto, as duas comunidades comunicavam mais facilmente com o Conselho Geral do que entre si. Para solucionar a questão deste isolamento e falta de comunicação entre as comunidades, o Conselho Geral pôs à disposição de cada comunidade um telefone satélite que apenas servia para uma comunicação urgente, pois era bastante caro.
A par da longa distância entre as duas comunidades (acima de 1.000km) junta-se uma outra dificuldade: a falta de entrosamento entre os membros das comunidades que, a dada altura, levou à reestruturação das mesmas comunidades. Foi a partir deste momento que se verificou o regresso de alguns confrades para as suas Províncias de origem e a chegada de novos confrades para dar continuidade ao trabalho ora começado. Esta situação de chegadas e saídas de confrades provocou uma certa instabilidade que se faz sentir ainda hoje na vida do Grupo Espiritano de Moçambique.
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