Entre perdidos e achados, uma viatura com quatro missionários, em vias da evangelização! Transportava uma equipa composta por um Padre, uma leiga, um seminarista e um estagiário. Ora bem, apesar do massacre dos caminhos, supostamente estradas, chegamos e estamos vivos (nakumi).
Chegamos por volta das 7h30m. Eram 8h00, ainda a porta do Senhor, que não habitual, estava fechada para os seus colaboradores. Trabalhar na messe do Senhor não é tão fácil quanto parece! O cenário, quando chegamos foi: a casa do Senhor fechada; uma viatura e quatro missionários; rostos comprometidos e surpreendidos das famílias que vivem ao redor da casa do Senhor, para com a chegada dos quatros missionários, pois era uma celebração não marcada (missa surpresa) e nada estava preparado. A casa do Senhor que, em princípio, seria para louvar o Senhor, estava no modo de celeiro, guardava feijões. Pronto, na ausência de pessoas crentes e participantes, ao menos temos feijões crentes, vigiando o Senhor. O Senhor faz maravilhas, acreditamos!
Entretanto, o ancião da comunidade, num instante, saiu a correr a chamar os fiéis e, de que maneira, que não tardaram a chegar, mas atrasaram. Enquanto isso acontecia, a equipa missionária encontrava-se espalhada no campo da missão, cada um ocupando a sua posição, bronzeando, no meu caso carbonizando, no belo sol de manhã que estava. Notava-se um sorriso tímido da parte dos aldeões, mas o sol sorriu calorosamente para nós. Nas crianças, o mesmo, notava; mas com o tempo o Pe. Amigo dos mais pequeninos, na verdade, um pai carinhoso para com os mais pequeninos, a seu jeito, deu volta à situação.
Enquanto, as mamãs e papás que vinham à casa do Senhor, pouco me parecia que era o costume ir à casa do Senhor aos domingos, à medida que cumprimentávamos partilhavam as infelicidades, problemas de saúde e as suas preocupações.
O impossível é encontrar alguém, da parte das mamãs e dos papás, que diz: «está tudo bem». Infelizmente há sempre uma queixinha por fazer ou partilhar. A missão que vai ao encontro dos pobres, dos frágeis, dos mais debilitados, resume-se na partilha do pouco e que, curiosamente, acaba por ser muito. O engraçado é que, seja qual for a comunidade, a presença da equipa missionária deixa a comunidade sempre com um sorriso estampado no rosto, mesmo que a comunidade tenha motivos para chorar.
Ponto alto do dia foi quando uma mamã, acompanhada da sua bebé ao colo, falou connosco. Como missionários, sendo amigos do povo e carinhosos para com o povo, perguntamos o nome da bebé, e não é que a mamã já tinha esquecido o nome da sua bebé!? Era só dizer “Florinda Samuel”, mamã!
Reunida a comunidade, com a oração de manhã, apesar de que já tinha passado a hora, momentos de reconciliação e o santo sacrifício (a missa) comungamos da mesma comunhão! No geral a celebração litúrgica, ao estilo “macua”, «corria boa, os jovens animou bem com os cânticos». Terminada a celebração, que é momento de conversar, rezar, cantar e dançar com o povo, aproximava-se a hora de regressar a casa. Mas não podíamos regressar sem antes saudar/saborear a mana “xima” e o mano “caril de frango”. É a missão, é a solenidade de S. João Baptista, é a Igreja, somos nós professando a mesma fé, comungando a mesma comunhão! O certo é que fomos à casa do Senhor, o Senhor fez maravilhas, ficamos maravilhados; então que o digam os que foram, e que vão sempre à casa do Senhor aos domingos. Com o coração inflamado pelo amor do Senhor e uma alegria contagiante, o regresso foi mais suave, apesar do ataque do feijão macaco pelo caminho a alguns membros da equipa missionária! É a Missão…mas NAKUMI!!
Gil. D. Borges, in «pró-missão 1», Itoculo aos 24.06.18