18 de janeiro de 2011

BAptizar à LUz do NAtal

Raul Viana
Itoculo

No decorrer do tempo litúrgico do Natal realizam-se os baptismos dos bebés, que vulgarmente chamamos «crianças de colo», «anamwane» em macua. Criança, pai, mãe e padrinho (ou madrinha conforme o género) são presença obrigatória nestas celebrações, tal como exige o cerimonial.

A noite de consoada do dia 24 de Dezembro é o começo destas celebrações. À luz da vela e de uma pequena lanterna celebramos a «Missa do Galo» e baptizamos os 17 primeiros bebés (Malema). No dia seguinte, dia de Natal, fomos noutra zona (Marerene) e repetiu-se a mesma cena com 14 baptismos, tal como no Domingo da Sagrada Família onde apenas duplicaram os números dos baptismos: 35 (Djipwi).

Terminado o ano civil, iniciamos 2011 com mais 18 baptismos (Namahite). Como a noite de fim-de-ano parece mais curta, também escolhemos uma zona mais próxima para estas celebrações. Além da novidade do ano iniciado, foi novidade também o baptismo de uma criança nascida às 2h desse primeiro dia. A família já tinha duas crianças para baptizar, mas agora chegava uma terceira recém-nascida, e que a mãe apresentou e presenciou o baptismo da sua filha mais nova. Era uma menina que ficou com o nome de Maria. Foi a criança mais jovem que eu baptizei logo ao começar o novo ano.


O segundo dia do ano ficou marcado pelo baptismo de 67 crianças (S. Miguel). Apesar do alpendre para o celebrante e alguns animadores, o que valeu foi o imponente cajueiro que abrigou toda essa multidão do sol escaldante, pois com estes números é natural que a celebração também se prolongue um pouco mais.

Para equilibrar os números, no dia 6 de Janeiro foram apenas 7 baptismos (Namiro). Um número idêntico de crianças (9) foram baptizadas no sábado à tarde dia 8 (Santa Inês-Ramiane). Em todas estas celebrações a alegria (o «elulu» das mulheres e o «Aleluia!» dos homens) é parte integrante desta festa. Mas neste dia não foi bem assim. Um surto de cólera percorria a zona e várias famílias estavam enlutadas, outras cuidavam dos seus doentes acamados. É uma situação preocupante que exige sérios cuidados.

Das cinco comunidades desta zona pastoral, apenas estavam presentes duas comunidades. As outras não apareceram por medo de serem contaminadas. O desconhecimento e ignorância da origem desta doença tinha gerado no fim-de-semana passado muita confusão no bairro, onde alguns líderes locais foram espancados e acusados de serem eles os causadores de tal epidemia. Com muita superstição à mistura as pessoas desconfiam de tudo e de todos. E quando a razão dá lugar apenas ao sentimento pode-se chegar a atingir verdadeiros dramas como foi o caso.

No meio de tudo isto estava, então, a decorrer esta celebração de baptismo, onde a água, como sabemos, é um elemento essencial deste ritual. A água que é fonte de vida, mas, se contaminada, também é geradora de morte.

Com a festa do Baptismo de Jesus (Naiopa) terminei as celebrações baptismais com mais 13 crianças. E somando tudo, são agora 180 novos cristãos pertencentes a uma família mais alargada, a Igreja de Jesus Cristo.

Enfim, louvado seja Deus.

3 comentários:

Anónimo disse...

esse tempo(Natal) e Pascoa é muito cansativo. quando li esse relato das celebrações baptismais lembrei do ano passado em que tinha que registar e passar certidão de todos os baptizados. tenho saudades desse tempo. comia-se bem.
"chima" está a fazer falta.
Jovem macua

Anónimo disse...

Entao pessoal???
vejo que as coisas não estão completamente diferentes... O Elson ja està à pedir chima, mas vai ter que se contentar com o nosso fromage et baguette...
Estou, mesmo assim, um pouco intrigado: Li este artigo do Raùle vejo muito fervor e zelo missionàrio, que faz nasceu uma centena de cristãos e pensei "mas onde està o Damas?", mas depois reparei que mesmo ao lado do artigo està uma foto do Damas na praia...ahahahah
Aproveito para vos saudar à todos e desejar tudo de bom para voces e para todo Itoculo, vila do milénio.
Edy

P. Miguel BESSE, cssp disse...

Obrigado por fazer-nos partilhar estos momentos de crescimento da igreja, pelos novos bautizados que, com o apoio e cuidado dos boms pastores (pais, padrinhos, catequistas, etc...) seguiram o caminho do evangelho. Obrigado

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