Itoculo
Chegamos no dia 6 de Março à noite e partimos no dia 9 de manhã. Foram dois dias de oração e reflexão para ajudar na vivência deste tempo quaresmal. Uma pausa serviu para fazer uma visita de boas-vindas a nosso confrade congolês Godefroy que acaba de chegar a Nampula.
Desta vez escolhi «o jejum» como tema de reflexão, apoiando-me num pequeno livro de Anselm Grun: «Jejuar. Corpo e alma em oração». Enquanto eu me dedicava a esta oração e reflexão, ao lado estava jovem nigeriano fazendo um jejum de cinco dias sem comer nem beber. Assim, enquanto eu estava na teoria, ele o exercitava!
Porém, aqui não quero desenvolver esta reflexão, pois ainda me falta a prática (que também não tem data marcada), mas afirmo que vale a pena ler o livro que as Paulinas editaram. Em contrapartida quero ressaltar o lugar onde estive e que alguns também o conhecem. Sem querer ser repetitivo, as fotos comprovam o local escolhido.
Libermann nos diria que se trata de viver a «união prática». Na verdade, por muito trabalho pastoral que possa existir, e de facto não falta, é essencial esta paragem. Tal como os telemóveis precisam de recarregar baterias e os automóveis fazer a sua revisão periódica, também o missionário precisa deste tempo para fundamentar a sua missão.
Não se trata de fazer muito, mas simplesmente adoptar esta atitude de fé: «Fala Senhor que o teu servo escuta!». O local é adequado ao silêncio e à meditação, longe da confusão da cidade, no sopé de uma montanha, está situado o Mosteiro Mater Dei, nos arredores da cidade de Nampula. Além das vozes infantis do orfanato das irmãs, ouve-se também o tocar do sino para o canto dos Salmos da Liturgia das Horas. É, de facto, um espaço que convida a escutar o essencial.
Avançando no espaço do Mosteiro encontramos esta verdade cristã de S. Paulo: «Cristo é a nossa paz!» (Ef 2,14). Fazer a experiencia da oração e do silêncio significa encontrar essa paz que a vida missionária precisa e que os afazeres de cada dia muitas vezes perturbam.
A capela e a natureza envolvente são um convite à adoração simples. Esse mesmo desejo vem expresso nas informações da hospedaria: «As Irmãs monjas desejam que cada um encontre a PAZ, o SILÊNCIO e a BELEZA da natureza que acompanham a nossa vida de oração e trabalho, e que muito ajudam para o íntimo encontro com Deus, que se revela aos humildes que NELE confiam e se oculta aos soberbos que confiam em si mesmos». Desta maneira, temos os elementos necessários para não desperdiçar a graça que passa.
Este é o desejo final de quem se sente amado de Deus. O missionário, irradiador do amor de Deus, tem de espelhar esse mesmo dom. Mas também sabemos que ninguém dá aquilo que não tem. Por isso, a decisão de parar e o desejo de se deixar iluminar são um ponto fundamental para uma missão fecunda, uma vez que não passamos de meros instrumentos onde o Espírito Santo é o protagonista.
«Lixo»
Meio escondido mas estrategicamente colocado está um tambor onde se pode deitar aquilo que já não serve. Também este tempo de recolecção é oportuno para fazer uma limpeza interior, purificando comportamentos e atitudes, desejos e decisões que o pecado manchou.
2 comentários:
Optimo!! Obrigado Raùl!
muito bem meu querido amigo! uma partilha simples mais cheio de interpelações. O mosteiro Mater Dei é de facto um lugar ideal para escuta a voz de Deus que nos fala no silêncio.
Penso que quaresma mais que um momento de fazer muita coisa é um momento de deixar-se fazer, é deixar-se transformar pelo amor de Deus que se manifesta em plenitude em Jesus.
Aproveito para vos desejar uma santa caminhada ruma a pascoa do Senhor.
sei que agora têm muitas celebrações penitencias e de longas horas mas não se esqueçam que Jesus passou longas horas de sofrimento e nós cristão e muito mais padre somos convidados a imita-Lo.
Força ai!!! sempre convosco. Jovem Macua
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