havemos de ir…
Raul Viana
Itoculo
Havemos de ir… hei-de fazer… hão-de chegar… hás-de conseguir…
Estas e outras construções verbais parecidas são muito comuns neste meio sociocultural do norte moçambicano. É o uso frequente da conjugação perifrástica caracterizada por uma acão continuada ou a realizar num futuro próximo.
À primeira vista não há nada de especial nesta forma de falar gramaticalmente correcta. Porém, como acontece com toda a língua viva, ela está em estreita sintonia com o estilo de vida dos seus palradores. Ora isto nos permite descortinar um pouco do «porquê» deste uso frequente, e até mesmo excessivo, da perifrástica.
Situados neste contexto macua do interior, facilmente constatamos a precariedade existencial deste povo marcada pela escassez de meios de transporte, sem condições sanitárias suficientes, instalado no interior da savana e muitas vezes isolado, limitado aos interesses de uns quantos comerciantes que os exploram... Enfim, vivendo muitas vezes ao ritmo da natureza. Tudo isto faz com que nada seja feito com exatidão precisa no espaço nem haja qualquer previsão rigorosa no tempo, pois não há garantias de que se consiga alcançar a acção determinada por razões internas e externas à própria pessoa.
Uma doença, uma infelicidade, uma indisposição… são razões suficientes para faltar a uma reunião atempadamente marcada. A fraca alimentação, desnutrição, o próprio clima, as grandes distâncias a percorrer a pé ou de bicicleta, justificam estas ausências. Não ignoramos também que muitas vezes é apenas falta de motivação, elemento causador e resultante desta situação.
Mas tudo isto justifica muito bem a construção perifrástica onde está presente essa boa intenção inicial, mas sem garantias de se efectuar no imediato, pois é grande o conjunto de realidades que impedem essa concretização. Assim, evita-se a mentira e assume-se o descompromisso. Deste modo vai-se vivendo…Estas e outras construções verbais parecidas são muito comuns neste meio sociocultural do norte moçambicano. É o uso frequente da conjugação perifrástica caracterizada por uma acão continuada ou a realizar num futuro próximo.
À primeira vista não há nada de especial nesta forma de falar gramaticalmente correcta. Porém, como acontece com toda a língua viva, ela está em estreita sintonia com o estilo de vida dos seus palradores. Ora isto nos permite descortinar um pouco do «porquê» deste uso frequente, e até mesmo excessivo, da perifrástica.
Situados neste contexto macua do interior, facilmente constatamos a precariedade existencial deste povo marcada pela escassez de meios de transporte, sem condições sanitárias suficientes, instalado no interior da savana e muitas vezes isolado, limitado aos interesses de uns quantos comerciantes que os exploram... Enfim, vivendo muitas vezes ao ritmo da natureza. Tudo isto faz com que nada seja feito com exatidão precisa no espaço nem haja qualquer previsão rigorosa no tempo, pois não há garantias de que se consiga alcançar a acção determinada por razões internas e externas à própria pessoa.
Uma doença, uma infelicidade, uma indisposição… são razões suficientes para faltar a uma reunião atempadamente marcada. A fraca alimentação, desnutrição, o próprio clima, as grandes distâncias a percorrer a pé ou de bicicleta, justificam estas ausências. Não ignoramos também que muitas vezes é apenas falta de motivação, elemento causador e resultante desta situação.
Por um lado, esta é uma opção saudável de viver sem stress nem pressionada pelo tempo. Por outro, é prova imediata de um desenvolvimento que avança num ritmo lento.
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