entre os macuas
Vincent Ntrie-Akpabi
ItoculoEu sou Vincent Ntrie-Akpabi C.S.Sp. estagiário e natural do Gana. Cheguei a Moçambique no dia 16 de Setembro de 2010. Depois de dois meses de aprendizagem da língua portuguesa na cidade de Beira, cheguei à paróquia de Itoculo na diocese de Nacala (onde vivo com três confrades) para iniciar a minha experiência pastoral. Antes de sair da minha terra para Moçambique, estava absorvido com muitas perguntas: como vou sobreviver numa nova cultura, com novas línguas, com novos confrades, etc…? Mas quando refletia nestas questões fundamentais, lembrei-me de uma frase dos escritos de Papa João XXIII que diz: “observa tudo, tolera bastante, corrige um pouco.” Este conselho, numa situação como a minha, tem sido o princípio orientador que me guia desde que cheguei a Moçambique, também porque o estágio missionário é fundamentalmente um período de observação e de experiência.
Depois de algum tempo de observação
e adaptação, onde também participei num curso de inculturação durante um mês, comecei
a colaborar nalgumas áreas de atividades pastorais e comunitárias. Na paróquia
trabalho com os animadores da comunicação social e também na organização do boletim
paroquial Yosef Owarya, que sai cada
dois meses para dar informações e notícias sobre nossa paróquia. Trabalho no
cartório fazendo o registo dos batismos, renovação e preparação das novas
certidões e cartões de batismos e matrimónios. Dedico também algum tempo a dar
aulas de explicações de língua inglesa às meninas no lar Eugenia Caps. Trabalho também na biblioteca. Na comunidade sou
responsável da machamba e dos trabalhadores. Além destes trabalhos, tenho tempo
para socializar com os jovens, especialmente nos jogos de futebol, que é também
uma grande oportunidade de entender melhor alguns aspetos da cultura local.
A nossa paróquia tem 77
comunidades e para servir todas elas até pode parecer muito aborrecido. Mas
nunca senti o peso do meu trabalho. Temos uma boa organização das atividades
pastorais. Entre a equipa missionária há colaboração muito unida, facilitando a
comunhão, trabalhando juntos e promovendo a solidariedade. A vida comunitária é
uma maravilha, vivendo com espírito de pensar e atuar juntos, flexibilidade,
aceitação e valorização mútuas, fundados no espírito de oração, no amor e na
benevolência gratuita. Tudo isto porque o verdadeiro testemunho de Cristo
depende da qualidade da nossa comunhão com Deus e com os irmãos e a fidelidade aos
nossos compromissos religiosos – verdadeiros seguidores de Cristo.
A minha experiência aqui é uma
realidade muito diferente do que pensava, mas ao mesmo tempo muito boa de ser vivida.
No contato com o povo o que mais me impressiona é a sua riqueza de valores como
a família, a solidariedade e a hospitalidade. Testemunhar Cristo às pessoas
que, apesar da pobreza material, estão sempre disponíveis, são simples e
respeitadoras, humildes e com vontade de aprender, e sempre têm um sorriso de
contentamento, faz-me crescer na fé e na esperança, e também reaviva em mim o
espírito da simplicidade, da humildade e da disponibilidade. A minha experiência
pastoral em Moçambique não é tempo perdido nem lamentável mas é único e precioso.
Eu tenho de confessar que tive mais coisas a receber do que a dar.
Aprecio e admiro muito a missão
espiritana em Moçambique, especialmente Itoculo onde vivo. A missão aqui pode parecer
bastante difícil com poucos frutos à vista, mas acredito que é uma missão
promissora para a Igreja e para os Espiritanos. Aproveito esta oportunidade para
desejar a todos uma boa e frutífera missão e especialmente aos espiritanos em
Moçambique. Força e coragem!
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