- 2012 -
Raul Viana
Itoculo
O dia 28 de novembro de 1996 marca o início efetivo da
presença missionária espiritana em Moçambique. Um grupo de seis missionários
(dois portugueses, dois angolanos e dois nigerianos) chegaram a estas terras.
Foi a resposta afirmativa da Congregação do Espírito Santo ao pedido dos bispos
D. Francisco Silota da Diocese do Chimoio e D. Germano Grachane da Diocese de
Nacala.
Precisamente nestas duas Dioceses assumimos as missões de
Inyazónia e de Netia, e aí começamos a viver o carisma espiritano com este povo
acabado de sair da guerra civil e com grande vontade de percorrer os caminhos
da paz e do desenvolvimento. Uma realidade que marcou a nossa presença
missionária, a qual desde o início sempre apostou na promoção social e
compromisso eclesial.
Estas duas missões distanciadas geograficamente por mais
de mil quilómetros exigiram um estilo de missão assente na vida comunitária
espiritana. Para tal não faltaram alegrias e dificuldades, como também foram
grandes os desafios enfrentados, e que hoje continuam a ser parte integrante da
nossa maneira de viver a missão. Apesar de nos termos localizado longe dos
grandes centros urbanos, onde era necessário percorrer difíceis vias de
comunicação, também marcados pelo isolamento e precaridade, havia esta certeza
de estar com o povo simples e com ele caminhar, vivendo o carisma da missão
espiritana.
Com o decorrer dos tempos novas realidades surgiram e
novas decisões foram tomadas. A missão/paróquia de Netia cresceu, estruturou-se
e foi entregue ao Clero local em 2004. Entretanto, ao lado surgiu um novo
projeto que precisava ser assumido e consolidado. Tratava-se da missão/quase-paróquia
de Itoculo, onde nos encontramos atualmente em processo de consolidação social
e eclesial. É uma missão rural onde é preciso percorrer as 77 comunidades
ministeriais, formar e capacitar os animadores cristãos nos diferentes âmbitos
da fé e do compromisso social, potenciar e colaborar no desenvolvimento
integral dando preferência aos mais desfavorecidos.
Ao mesmo tempo, para romper o isolamento sentido pelos
missionários espiritanos, inicia-se um outro projeto em Nampula-cidade para
responder às necessidades da Igreja local num dos bairros periféricos
(Mutawanha-Paróquia de S. João de Deus). Aqui também a missão é entendida como
desenvolvimento humano integral. Além da assistência religiosa pastoral, surgiu
uma aposta séria em projetos de desenvolvimento (centro nutricional, sala de
corte e costura, biblioteca, cursos de informática, sala de acesso à internet…)
especialmente para aqueles que são excluídos, que não têm possibilidade nem
capacidade de aceder aos meios comuns de cada dia.
Em Inyazónia (Chimoio) a missão espiritana também está
marcada pelos grandes desafios da precaridade de vida das pessoas, da carência
de meios e das grandes distâncias a percorrer. O apoio local a pequenos
projetos de desenvolvimento a par do anúncio do Evangelho numa larga extensão
territorial com cerca de 50 pequenas comunidades é a ocupação e a vida dos
missionários aí presentes. A nossa decisão e a vontade de abrir uma nova
comunidade espiritana na cidade da Beira permitiria diminuir o isolamento
sentido por estes missionários, bem como o reforçar o sentido da missão
espiritana, disposta a iniciar um processo formativo para jovens moçambicanos
candidatos à vida espiritana.