Ano da Fé em Itoculo
Raul Viana
Itoculo
O dia 11 de Outubro em Roma, o dia 18 na Catedral de
Nacala e o dia 4 de Novembro na Paróquia de S. José de Itoculo, em diferentes
níveis, estiveram marcados pela mesma iniciativa: celebração de abertura do Ano da Fé.
Na nossa paróquia de Itoculo quisemos marcá-lo com um
sinal exterior, fazendo uma PORTA, por onde entramos e onde devemos passar ao
longo de todo o ano, recordando a entrada inicial do nosso batismo na fé da Igreja.
(NB: Agradecemos à voluntária Joana Cruz
e à sua família que nos possibilitaram esta bela iniciativa).
Como afirma o Papa Bento XVI, o Ano da Fé será um momento oportuno para reavivar e fortalecer a fé
e incentivar à transmissão da mesma. A nível interno queremos que seja também
será um tempo para recordar a história da evangelização e o surgimento de cada
comunidade na nossa paróquia.
Assim, olhando as origens da evangelização em Moçambique,
vemos que tudo se iniciou a 11 de Março de 1498, dia em que se celebrou a
primeira Missa em terras moçambicanas, participada por Vasco da Gama e os
navegadores na primeira viagem marítima para a Índia.
Descoberto este caminho, outros navegadores, e com eles
os missionários, chegaram a estas terras. Assim, no ano de 1505 em Sofala, encontramos
a primeira igreja em solo moçambicano, onde se começou a ensinar as coisas da
fé aos povos locais, celebrando-se em 1506 os primeiros batismos.
Em 1560 iniciou-se a evangelização para o interior de
Moçambique com o P. Gonçalo da Silveira e seus companheiros jesuítas a entrar
no reino de Monomotapa. Seguiu-se um tempo de evangelização (1640-1940) com
altos e baixos… No séc. XIX dá-se um grande ressurgimento missionário em África
que envolverá toda a Igreja, com a tomada de consciência internacional do
triste espetáculo da escravatura, que levou à formação de um forte movimento
antiescravagista, e onde a Igreja assumiu um papel pioneiro e libertador.
Em 1940, com a assinatura da Concordata e do Acordo
Missionário, consegue-se uma nova orientação missionária para a Igreja em
Moçambique. São criadas três dioceses (Maputo, Beira e Nampula) e mais tarde
são ordenados bispos moçambicanos que assumem essas mesmas dioceses. No
interior, as Missões tornam-se verdadeiros polos de evangelização e
desenvolvimento.
Centrando-nos agora na nossa diocese de Nacala, temos a
dizer que ela foi criada na véspera dos Acordos de Paz, desmembrada da
Arquidiocese de Nampula e canonicamente ereta no dia 5 de Novembro de 1991,
pelo Papa João Paulo II. No dia 29 de Dezembro de 1991 D. Germano Grachane
assumiu a sua cátedra.
A Diocese de Nacala abrange a parte costeira marítima da
província de Nampula, partindo do rio Lúrio (a norte) até ao Mongincual (sul). Sendo
uma das mais pequenas dioceses territorialmente, com uma superfície de 26.000Km2,
compreendendo 9 distritos (Namapa, Nacaroa, Monapo, Mongincual, Mossuril, Ilha
de Moçambique, Memba, Nacala-a-Velha e Nacala-Porto), ela é uma das mais densas
a nível populacional.
A nossa Diocese tem como padroeira Nossa Senhora da Boa Viagem, um patrocínio e um templo pensados
para os marinheiros e navegantes que partiam e/ou chegavam ao Porto de Nacala. As
22 paróquias que compõem a Diocese são também uma expressão da sua riqueza. As
mais antigas são as paróquias de Nossa Senhora da Conceição de Mossuril (1524)
e de Nossa Senhora da Purificação da Ilha de Moçambique (27/08/1700). A mais
recente são as paróquias de S. João Batista de Nacala-Cidade Alta (29/08/1994)
e de S. José de Itoculo (19/03/2004).
A nossa paróquia de S. José de Itoculo divide-se em três
regiões (Djipwi, Xihire e Congo) e em 15 Zonas pastorais com 77 Comunidades
cristãs. Queremos que cada Comunidade cristã conte a sua história, sabendo que
a Comunidade cristã mais antiga está a completar 50 anos de existência: S.
Paulo Monetaca. O que significa que estamos perante uma igreja jovem e cheia de
esperança.
Enfim, temos aqui um breve resumo desta Igreja onde
estamos inseridos. Mas, acima de tudo, importa perceber que atrás de nós muitos
outros já caminharam e testemunharam a sua fé. Hoje somos nós que temos de dar
continuidade a essa história cristã, e nesse sentido manter acesa a chama da fé
erguendo bem alto a luz que nos ilumina. Como afirma o Papa Bento XVI, «a fé só se mantém viva quando se partilha».
Então, saibamos ser suas testemunhas e anunciadores pela palavra e pela ação, e
que Nossa Senhora da Boa Viagem nos acompanhe neste peregrinar.
1 comentário:
gostei muito de ler este texto,parabens.
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