25 de maio de 2017

Uma introdução à casa comum

Confesso que, sempre ignorei ou evitei ter conhecimento sobre o estado em que realmente se encontra a nossa terra. O documentário recentemente produzido "Before the flood" continua em lista de espera, até que tenha coragem para enfrentar aquela realidade e ignoro porque é um assunto que me assusta e inquieta verdadeiramente. Mas recentemente a irmã Adelaide pediu-me para dar formação aos grupos da Cáritas e saúde, sobre o tema do meio-ambiente com especial enfoque na carta "Laudato Si" do papa Francisco, que também continuava em lista de espera até que a coragem chegasse.

Acontece que, falar desse tema a Moçambicanos é verdadeiramente desafiante, pelos simples motivo de que a maior percentagem de poluição ambiental não pode ser atribuída a estas países e se efetivamente queremos ver sinais de esperança e de mudança não são estes países que têm de passar por mudanças drásticas.

Uma das perguntas com que iniciei os temas, foi para que me dissessem qual a diferença que os papás e as mamãs sentiram no meio ambiente, ou na casa comum (forma magnífica que o Papa Francisco adoptou para a referência ao meio ambiente), desde que nasceram até ao momento actual. As respostas foram unânimes, menos animais, já não há impalas, já não há gazelas, já há poucos macacos, já não há leões, mais calor e menos chuva, a tão preciosa chuva.

A chuva, uma das coisas que me impressionou quando cheguei, foi o facto de as pessoas estarem à espera da chuva, só isto, esperar que chova para que haja a possibilidade de terem comida durante o ano (na época das primeiras chuvas não tinha chovido), é angustiante assistir a essa espera, imagino vivê-la... Aqui depende-se da chuva para sobreviver, sem chuva não há comida, e os anos estão a passar e a chuva a escassear, portanto aquelas pessoas que me dizem que as alterações climáticas não existem e que o aquecimento global é uma invenção, simplesmente me irritam e dizer que me irritam sou eu a ser delicada. Por isso, querido Trump, se quiseres vir viver aqui, 2 ou 3 anos, e vires esperar que chova, teremos todo o gosto em te provar que o aquecimento global é uma realidade, mas como muito recentemente te encontraste com o nosso querido Papa Francisco e ele te deu um exemplar dos melhores "livros" que li atualmente, só posso desejar que o leias e que aprendas alguma coisa.

Podias-vos continuar a falar da forma difícil de combater o aquecimento global por estes lados, devido à corrupção, devido ao corte desenfreado de madeira, devido à venda de terras para exploração estrangeira, mas já me estiquei na conversa, por isso convido-vos a lerem a encíclica "Laudato Si", independentemente da religião que tenham, ou que não tenham, é uma leitura agradável e elucidativa. E talvez um dia com mais inspiração volte a esta temática.




3 comentários:

beijo de mulata disse...

Outra razão pela qual não chove é o abate indiscriminado de árvores, absolutamente consentido pelo governo. Uma das coisas importantes seria incentivar a população a plantar árvores para combater o círculo vicioso da seca e erosão dos terrenos, que só gera pobreza...

Parabéns pelo post!

(um) beijo de mulata

Raul Viana disse...

Estamos juntos nesta "casa comum" e vamos cuidar dela. A grande mudança começa com pequenos gestos que estão ao nosso alcance. Vamos em frente!

Anónimo disse...

Muito inspirado. parabéns.

26 - A alegria completa

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