Neste Mês Missionário Extraordinário, partilhamos as palavras de um dos muitos missionários que passaram pela missão de Itoculo e que, mesmo longe, continua connosco e com o povo desta terra. Obrigado pela tua partilha e comunhão! Estamos juntos!
Outubro Missionário: do encontro ao encontro
É do encontro ao encontro que nasceu a Igreja
Missionária, a Igreja de Cristo. Um encontro pessoal que desemboca num encontro
comunitário. O primeiro encontro é o de acender: preparar a tocha e acendê-la
dentro de nós mesmos; o segundo é o de partilhar as chamas aos demais que
precisam de luz para ver o caminho.
Quando vamos ao encontro ou alguém vem ao
nosso encontro, já não vamos sozinhos, alguém vai connosco e doravante fazemos
um caminho partilhado. A isto chamo de missão. Convém salientar que não é
aquilo que levamos na mão para oferecer que é o mais importante. Missão é
montar a tenda no meio de tantas outras tendas, palhotas, casas de chapas e ser
testemunho do grande Mestre, que nos diz: "Ide por todo o mundo anunciar a
Boa Nova", ou seja, levar a luz, que é a Palavra de Deus, aos que andam
nas trevas, e simultaneamente ser luz no meio deles. Mas esta ótica missionária
está cada vez mais difícil de alcançar por causa dos limites que estabelecemos.
Houve um tempo em que fomos chamados a sair da nossa zona de conforto para nos dispormos
ao serviço da Igreja, mas pouco resultado se notou. Penso que não é preciso
sair da zona de conforto para estar ao serviço da Igreja, é apenas preciso
mudar da nossa zona de conforto para uma zona de conforto infalível, em que
haja um contacto real com diferentes realidades, no meio dos pobres e
desanimados, a quem vamos confortar e beneficiar do mesmo conforto, tendo assim
a coragem de chamar todos, não para a última, mas para a primeira ceia!
Uma missão é marcante, mas o que é que nos
marca? Claro, a pobreza de um povo, de uma família, dos bens, das estruturas,
das políticas, das organizações, do espírito. E como já parece ser tradição, no
fim de cada experiência missionária, possuídos
pelas emoções e sentimentos de compaixão, criam-se campanhas para tudo e
mais alguma coisa, mas, no que toca a pobreza espiritual, nada se faz. É
preciso um "STOP" (“Somos Todos Obrigados a Pensar”) neste cruzamento
traiçoeiro; há que parar de considerar uma pessoa pobre só porque esta não tem
uma sanita em casa. Sendo a pobreza uma dificuldade, antes de mais, que não
chega a ser um mal, há que resolvê-lo; ora isso obriga-nos a ir à raiz e os
curiosos que lá chegam verão que, de facto, a pobreza espiritual é a mãe e
origem de todas as outras situações negativas que caracterizamos ou denominamos
como pobreza disto ou daquilo.
É preciso também cultivar na missão que nos é
confiada o bom espírito, um espírito de luta e conquista, paz e justiça,
perante os desafios do dia-a-dia. Mas tudo isso não descarta a hipótese de dar
os primeiros passos. A primeira missão fazemo-la no seio familiar, na nossa
comunidade. Muitos entendem a missão apenas como saída para uma terra
estrangeira, ir à outra margem, em prol do anúncio da Palavra de Deus, porém,
antes dessa saída além-fronteiras, é preciso sairmos de nós mesmos. Caso contrário,
sem essa saída de nós mesmos, sem uma atitude de conversão, a nossa missão não
passa de uma prestação de serviço, ao passo que a missão é estar sempre ao
serviço, seja dentro ou fora da nossa própria casa.
A missão é este “encontrar-se”, é este
encontro verdadeiro com Deus e com os outros, e assim, do encontro ao encontro,
vamos construindo a Igreja Missionária, a Igreja de Cristo!
Pro-Missão VI