entrevista com
Ir.
Argentina Alfredo
-Como surgiu a sua vocação?
Ir. Argentina:
A minha vocação surgiu através dos encontros dos jovens, com uma frase que diz «Não há maior prova de amor do que dar a vida
pelos seus irmãos». Tudo começou em 2006, a primeira vez que eu participei no
encontro de jovens na comunidade São José - Itoculo. Com certeza que na minha
caminhada vocacional houve dificuldades. Para entrar na escola secundária,
tendo falado com o meu pai, ele disse-me que gostaria que eu continuasse os
estudos mas infelizmente não tinha condições. Não parei, e fui falar com o meu
irmão. Ele começou a desconfiar de mim, dizendo que isso era um motivo para eu
ir na cidade e arranjar um homem para casar, e não para estudar. Lembro-me que
um dia chorei amargamente, porque eu falava de uma maneira e ele entendia ao
contrário, pois pensava que eu voltaria como grávida.
No início do ano lectivo,
depois de uma semana de aulas, onde todos tinham partido para escola, eu fiquei
sozinha em casa, e um dia uma Irmã me chamou e me perguntou porque não fui à
escola. No meu coração, quando a Irmã começou a falar, eu disse-lhe: «fiz tudo
por tudo». Então, expliquei-lhe e ela mandou chamar o meu irmão, e ele disse a
essa Irmã as mesmas palavras, que não tinha confiança em mim, pois ir na cidade
era apenas para procurar um marido. A Irmã disse ao meu irmão para alugar uma
casa, e ele arranjou. Mas sempre manifestava que não estava seguro de mim.
Ir. Argentina:
Onde estudava sempre participei nos encontros dos jovens e dos vocacionados.
Nesse tempo o meu sonho era para fazer medicina, trabalhar nos hospitais. Entretanto,
comecei a ter contacto com as Irmãs Missionarias do Espírito Santo,
interessando-me cada vez mais pelo carisma da Congregação: «Ide por todo mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura». Um dia
perguntei a uma Irmã se elas trabalham na área da saúde, pois quem sabe se era
lá que o Senhor me chamava a ser também Irmã. Ainda estava a fazer os meus
estudos na esperança de que um dia as portas se abririam para mim. Não vacilei e
terminei os estudos em 2012.
Em 2013 as Irmãs, como me conheciam,
me pediram para entrar e começar a primeira etapa de formação, o postulantado. Porém,
antes de chegar a data de entrada na casa das Irmãs, o meu pai morreu e uma
crise chegou em mim, pois houve momentos de desolação e fiquei desanimada, já
não queria mais entrar nas Irmãs. Eis que experimentei momentos fortes e fracos,
momentos de desolação e momentos de consolação. O meu irmão que não queria que eu
continuasse os meus estudos, lembrou-me das últimas palavras do meu pai no seu
último suspiro, chamou-me e disse-me estas palavras: «minha filha escolheste esta caminhada e isso é bom, mas decide bem se
entregas com todo o teu coração». São as últimas palavras do meu pai que
guardo no fundo do meu coração. Mas creio como futura Missionária, pois a vida
missionária tem a sua hora de renúncia, tem a sua hora de graça. Deus dá as
graças necessárias, porque não foi fácil deixar minha mãe sozinha.
De seguida em 2014 fui para
o Senegal onde fiz a segunda etapa do postulantado, e aprendi a língua francesa.
Em 2015 fui para a França para continuar a minha formação religiosa, onde
fiquei dois anos no noviciado. Um ano chamado ano canónico, e um ano com Deus
no deserto, para me concentrar naquilo que eu desejava ser, ou naquilo que o
Senhor me pedia para ser ou fazer na minha vida. Um verdadeiro discernimento.
Neste segundo ano tivemos um estágio para viver em prática o apostolado, e depois
fiz a minha Primeira Profissão Religiosa em França no dia 8 de Julho 2017.
- Como foi a celebração da Primeira Profissão?
Ir. Argentina:
Tudo o que vivi nesta celebração da Primeira Profissão Religiosa foi uma marca
do amor de Deus. Hoje dou graças a Deus pelo dom da minha caminhada, onde Ele
me ajudou a fazer deserto nos momentos difíceis e a descobrir que as
dificuldades fazem parte da minha vida quotidiana, mas precisam de ser ultrapassadas
e continuar a caminhar para a frente. Importa, por isso, viver com alegria e
gratidão numa atitude de abertura e docilidade. Como disse a nossa fundadora «A missão não é correr, é deixar que
Espírito Santo seja o único móvel e a única vida em nós». Experimento em
mim que no compromisso vivido na fé encontro o Senhor em tudo e tenho plena confiança.
Cada dia me coloco esta pergunta a Jesus: «Senhor
que quereis que eu faça?». Que se faça sempre a Sua vontade não a minha.
-Que perspectivas para o futuro?
Ir. Argentina: A
minha perspectiva para o futuro próximo é saber amar como Jesus amou toda a sua
vida aos seus irmãos. Por isso estou pronta para partir para a missão no Haiti.
-Que mensagem deixa aos jovens de Itoculo?
Ir. Argentina: Aos
jovens gostaria de deixar uma mensagem de atenção para o chamamento que Deus
faz, e deixar-se guiar pelo Espírito Santo e pela Palavras de Deus, não ter medo
de dar um ‘sim’, e avançar mesmo no meio das dificuldades. Não importa quem és,
nem qual e o teu passado. O Senhor está contigo para ajudar-te a caminhar na
vida. A todos convido a experimentar a vida missionaria. Rezemos juntas esta
oração:
«Senhor Jesus que viestes a terra não para ser
servido, mas para servir, ensinai-me a servir-Vos como desejais, livrai-me de
toda a procura de mim mesma. Conservai o meu coração bem liberto de todo
orgulho espiritual e concedei-me a graça de nunca atribuir a mim o bem que me
permites praticar, fazei que eu seja de tal modo repleta do teu Espírito e o
teu amor que dando, me seja a Vós que eu me dou». Amem.
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