Nesta segunda semana
do mês de OUTUBRO refletimos e rezamos sobre o SACRIFÍCIO.
A vida missionária também tem a sua dimensão de sacrifício, e
não se pode negar. O próprio Jesus já tinha dito aos discípulos e a toda a
multidão: «Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e
siga-me. Na verdade, quem quiser salvar a sua vida, há-de
perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, há-de
salvá-la». (Marcos 8,34-35).
O seguimento de Jesus é universal e exigente, proposto e possível
para todos, tendo em vista a opção pelo Reino que traz a salvação da vida
presente e futura. Trata-se do caminho da cruz, de quantos aceitam descobrir o
que significa ser discípulo de Jesus, entregando-se totalmente, como Ele mesmo
o fez, sem qualquer tipo de masoquismo, isto é, de procurar o sofrimento pelo
sofrimento. Este exemplo de vida e entrega de Jesus é também a referência principal
para o missionário.
Mais do que sacrifício, a vida missionária é opção
preferencial. Qualquer privação humana e material, própria da vida missionária,
tem em primeiro lugar uma escolha de sentido e nível superior, próprio de uma
dimensão espiritual. Quando optamos pela vida celibatária, significa que o amor
de Deus e o amor aos irmãos já preencheu o nosso coração. Ou quando escolhemos
o desprendimento material, significa que Deus é o nosso tesouro. De outro modo
a missão seria filantropia e o sofrimento acabaria connosco.
Com isto não significa que negamos as saudades da família, dos
amigos e conterrâneos, nem o conforto de um lar ou o bem-estar de outros ambientes
sociais mais atraentes. O esforço por compreender uma cultura, hábitos e língua
diferentes, a coragem de estar próximo de quem nos é estranho, a tentativa de
reduzir as distâncias com amigos e familiares, a insegurança diante do
desconhecido, o desconforto pela carência de bens essenciais, entre outras coisas,
trazem um sentimento de dor, por vezes interior.
Na vida missionária esta dor encontra remédio na oração
diária, feita na intimidade com Deus, e na relação pacífica com os demais. Não
se trata de abafar ou ignorar o que sentimos, mas canalizar e encontrar uma
forma adequada para estar em paz e com equilíbrio emocional. Significa dar
primazia ao espiritual sem negar a dimensão humana e material, mas
transfigurando-a para um outro plano que a fé ilumina e faz entender.
Então, o compromisso pastoral em vista de uma Igreja de
comunhão e proactiva, a preocupação de empreender projetos de desenvolvimento
sustentável, a vontade de virar o mundo ao avesso para defender os mais fracos,
e o sentimento de impotência e incapacidade diante de muitas situações limite,
são verdadeiros desafios missionários que não nos fazem desesperar, mas
permanecer firmes no compromisso transformador. Deste modo, aquilo que aparece
como sacrifício ganha um novo contorno de entrega e dedicação carregado
esperança, paz e mudança.
Senhor Jesus, neste
mês missionário,
aceita o nosso
sacrifício missionário,
transforma-o em
semente de paz e bem
capaz de mudar o
mundo e o nosso coração.
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