visita
presidencial a ITOCULO
Raul Viana
Sábado, 27 de Abril de 2013, o Presidente da República de
Moçambique, Armando Guebuza, acompanhado de alguns Ministros do Governo,
autoridades governamentais de outras Províncias e secretários dos Comités da
Frelimo, aterraram na Localidade de Murutho, Posto Administrativo de Itoculo
(Monapo). Aterraram porque chegaram de helicóptero (5), enquanto um bom grupo
chegou de carro ou camião, e a grande maioria chegou a pé, pois é o único meio
de transporte que possui.
Um mar de gente aguardava a visita do Chefe de Estado.
Tudo estava enfeitado com bandeiras nacionais, panos coloridos, pedras caiadas…
Os grupos artísticos e tradicionais (jovens, crianças e mamãs) executaram os seus
cantos e danças. O protocolo e a segurança também cumpriram bem as suas tarefas
e tudo correu bem.
Após as formalidades iniciais, com a plantação de uma
árvore (m’baua) e a inauguração dos novos espaços da Localidade (Secretaria e
Casa do Chefe da Localidade), seguiu-se o «Comício da Presidência Aberta e
Inclusiva». Iniciou-se, então, com uma oração cristã e muçulmana feita pelos
respetivos responsáveis (pároco da comunidade católica – P. Damasceno – e o xehe
da comunidade maometana).
De seguida o Presidente saudou a população e agradeceu o
acolhimento e as ofertas recebidas, justificando a sua presença nesta
Localidade de Murutho. No seu discurso à população salientou duas coisas: a
necessidade e o empenho pela paz e a luta contra a pobreza.
Podemos dizer que não foi por acaso que escolheu estes
dois temas. De facto, a população local durante a guerra civil dos 16 anos
sofreu muito com a guerrilha, pois esta Localidade de Murutho situa-se a
meio-caminho entre as duas forças rivais (o centro da Frelimo em Itoculo e a
base militar da Renamo em Mariri). Lendo um pouco do «diário de guerra» do P.
Gino Pastor, então Pároco de Itoculo, de imediato descobrimos a grande
quantidade de mortos, pilhagens, incêndio de casas, medo… e muitas outras
atrocidades da guerrilha que aí aconteceram. Assim, quando o Presidente
perguntou quantas pessoas tinham sofrido com essa guerrilha, muitas foram as
mãos levantadas, e todas manifestaram a vontade de manter a paz alcançada.
Se para manter e trabalhar pela paz o Presidente pedia o
empenho de todos, também para a «luta contra a pobreza», tema insistente do
atual Governo, se exigia a colaboração de todos. Na verdade, «ninguém nasceu
para ser pobre, mas todos devemos viver bem», insistia o Presidente. A riqueza
do solo e subsolo moçambicano deve permitir uma maior qualidade de vida para
todos: a nível da saúde, da educação, das vias de comunicação, da produção
agrícola, etc… «Este será o caminho do desenvolvimento do país», concluía.
Outros pontos foram ainda falados quando o Presidente
passou a palavra à população. Assim, além das 35 apresentações por escrito, 10
pessoas usaram a palavra para apresentar as suas preocupações. Sem medo de
falar, corajosa e frontalmente, apresentaram a real situação da localidade: má
governação e corrupção a vários níveis do Chefe da Localidade (aqui aconteceu a
maior ovação de toda a visita presidencial), necessidade de mais e melhores
escolas, urgência de um posto de saúde e de uma maternidade, facilitar o acesso
a água potável, dificuldades nos salários em atraso, questões de justiça por
resolver, necessidade de uma indústria local, etc…
Ouvidos os parlantes, o Presidente resumiu as
apresentações feitas e, ponderadamente, disse que esses assuntos serão
analisados pelos membros do Governo ali presentes. E com isto terminou o
Comício agendado seguindo-se depois um tempo de encontro com as autoridades
para averiguar as preocupações apresentadas.
Enfim, tirando algumas vozes «frelimistas» que ainda se fizeram notar por alguns membros dos comités presentes e que continuam a criar confusão entre Partido no poder e Governo, bem como a proibição de tirar fotografias no decurso de toda a visita presidencial, podemos concluir que a visita foi simples e simpática. A população acolheu a visita do seu Presidente, ouviu os seus apelos, expressou aquilo que sentia (falando sem rodeios), e agora aguarda novidades resultantes deste acontecimento.
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