3 de fevereiro de 2021

8- «Servir e dar a vida»

- Inhazónia/1997

«Quem entre vós quiser fazer-se grande, seja o vosso servo; e quem no meio de vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo. Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para resgatar a multidão.» (Mt 20, 26-28)

Em todas as situações Jesus nos dá o exemplo de «servir e dar a vida» como forma de viver hoje a missão. Porém, nem sempre isso que acontece com os seus enviados. Os primeiros anos das comunidades espiritanas foram bastante desafiantes e difíceis, muitas coisas bonitas aconteceram, mas também não faltaram momentos sombrios no referente ao relacionamento e testemunho de vida dos seus membros.

No início da presença espiritana em Moçambique, Inhazónia foi a comunidade mais instável. Na verdade, a chegada dos Espiritanos a Inhazónia representou uma grande esperança para as comunidades locais. Uma vasta área de evangelização foi atribuída aos novos missionários. Muito trabalho pastoral foi realizado apesar das grandes dificuldades de coordenação e com um nível de vida comunitária muito longe do exemplo das primeiras comunidades cristãs narrada nos Actos dos Apóstolos. Aquilo que devia ser mais um elemento no processo de evangelização, «falar como quem tem autoridade» (cf. Mc 1,22), tornou-se muitas vezes um contra-testemunho.

As dificuldades de uma liderança impositiva, a falta de coordenação entre os seus membros, a inexistência de diálogo entre os agentes pastorais da missão, especialmente com as Irmãs da equipa missionária, entre outras coisas, parece que provocaram mais estragos que benefícios. Por isso não é de estranhar que o P. Domingos Vitorino pouco tempo depois da sua chegada a Inhazónia passou a viver na comunidade das Irmãs em Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus em Catandica, regressando depois a Portugal definitivamente no mês de Maio de 1997. Entretanto, o seu coração ficou ligado a Inhazónia, pois logo que chegou procurou angariar fundos (11 mil USD) para a restauração da igreja paroquial que ia celebrar 50 anos em 1998.

Em Setembro de 1998 um grande desentendimento entre os dois confrades (Cangeno e Anthony) ficou agravado quando se insultaram em público. A vida de comunidade que devia ser libertadora, tornou-se um castigo e opressão. Por estas mesmas razões em Janeiro de 1999 o P. Cangeno toma a decisão de deixar a comunidade e o Grupo de Moçambique e regressar a Angola. Em Maio do mesmo ano chegou o P. Lawrence vindo de Netia para constituir comunidade com o P. Anthony na esperança de uma mudança significativa, o que resultou em parte.

Enfim, parece que os primeiros membros da comunidade espiritana poderiam ter sido bem melhores e mais razoáveis no referente ao compromisso missionário assumido com a missão de Inhazónia. Tudo isto também serviu para entender que a missão é obra de Deus e não dos homens, de contrário tudo teria acabado aí mesmo. Mas Deus não se deixa vencer em bondade e misericórdia, e novos caminhos de vida e missão começaram a surgir ao fim de poucos anos.

PRECE: Senhor, hoje, a nossa oração é para pedir perdão pela nossa incapacidade de serviço e comunhão. Perdoa todas as vezes que não sabemos liderar e conviver uns com os outros seguindo as tuas palavras que nos convidam ao serviço gratuito e à humildade sincera como forma de ser discípulo-missionário.  

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