- Netia/2002
«Em verdade
vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a
mim mesmo o fizestes». (Mt 25,40)
Ontem como hoje a missão exige
um olhar atento aos mais pequenos e frágeis da sociedade. Num contexto de
pobreza isto torna-se geral e fica difícil distinguir quem é o mais necessitado,
pois qualquer coisa que aparece como uma ajuda tem de ser distribuída por todos
porque todos estão carenciados. Mesmo assim, é sempre necessário atender aos
mais pobres dos pobres.
Em 2002 a Missão de Netia foi
ganhando forma no trabalho de cada dia. Por um lado estavam os casos de polícia
que era preciso atender, como aconteceu com o celebrante da capela de
Npitokweni em que foi violentamente agredido acusado de feitiçaria. Um caso que
chegou até às autoridades distritais de Monapo onde o Juiz condenou os réus a seis
meses de prisão ou ao pagamento de 911 mil meticais por cada réu, o que era
bastante dinheiro atendendo à realidade precária do povo. Outros roubos no
quintal dos padres não faltaram acontecer como foi o caso no dia 11 de Abril
quando roubaram os cabritos da comunidade.
Mas o que predominou neste ano
2002 foram as situações de pessoas doentes que era preciso levar ao hospital
distrital de Monapo. Isto deveu-se ao facto de haver um enfermeiro na equipa
missionária que trabalhava no Centro de Saúde e dava consultas livres nas
comunidades onde entrava juntamente com os padres para as celebrações. Um
trabalho feito pelo voluntário Christophe da DCC (França) com apoio da APARF
(Portugal) que muito beneficiou as comunidades cristãs e a população em geral.
A nível pastoral os encontros e
formações dos ministérios preencheram muito tempo da vida dos confrades, quer a
nível da paróquia, quer a nível da Diocese. Reuniões do Conselho Económico, do
Conselho Presbiteral, do Secretariado de Pastoral, das comissões a Juventude,
da Justiça e Paz, da Catequese e novos catecismos… Também é de registar a
participação no Curso Bíblico orientado pelo especialista brasileiro Carlos
Mesters.
Além disso intensificaram-se as
celebrações nas comunidades visto ser uma maneira muito concreta de estar com
as pessoas e perceber a sua real situação. Mas eram muitas vezes feitas em
grandes dificuldades por caminhos impróprios que obrigava a chegar a altas
horas da noite como ficou referido no diário de 30 de Março de 2002: «por volta da uma hora da manhã chegamos a
casa, mas com grandes dificuldades devido ao mau estado da estrada».
Para compensar todo o desgaste
do trabalho missionário não faltaram alguns passeios realizados e os hospedes
que visitavam, o que permitia descontrair um pouco. Igualmente os tempos de
retiro no Mosteiro em Nampula eram outros momentos oportunos para o recobrar das
forças físicas e espirituais. Mesmo assim não faltaram inúmeras malárias para
travar toda vontade de um exercício pastoral evangelizador, com especial incidência
no final de Maio do ano 2002.
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